terça-feira, 8 de setembro de 2009

A IMPRENSA LÁ E CÁ




Tudo o que aqui serve de verdade e chicana acerca da má relação do poder com a comunicação social é uma ninharia relativamente ao que, preocupantemente, se passa noutras paragens. É Cuba que é campeã no número de jornalistas encarcerados; é Chavez a fechar canais, rádios e jornais dissonantes com a onda bolivariana; é a senhora presidente argentina e esposa de um ex-presidente a ameaçar apertar o torniquete da imprensa livre. Mas, mais perto, temos Berlusconi em luta aberta com os media italianos, os que ele não controla. Para o chefe dos italianos, a imprensa italiana está entregue maioritariamente a uma “minoría comunista e católico-comunista”, logo há que desancá-la, processando-a e arruinando-a com multas. Atacar Berlusconi, o italiano-modelo segundo ele próprio (“no fundo, a maioria dos italianos queriam ser como eu”, afirma), é uma forma de atacar a “massa (ou "pasta", se preferirem) transalpina”. O que só demonstra que a liberdade de expressão continua a ser o calcanhar de Aquiles de qualquer sociedade adulta e não só um monopólio das ditaduras. Pois que, perigosamente, começa a banalizar-se o protótipo de governante em democracia que entende que os seus méritos (em auto-avaliação) merecem uma comunicação social de unanimidade nas louvaminhas. Aqui, connosco, lidando como estamos a lidar com borbulhas e decisões ineptas mas estruturalmente mal intencionadas, é bom que se atalhem os indícios e as manifestações imberbes das antipatias discriminatórias perante as diferenças, matando a serpente bebé do vómito totalitário ainda no ovo. Antes que os émulos de Castro, Chavez, Kirchner e Berlusconi se sentem num trono com a forma de lápis azul, decidindo o que devemos saber e pensar. E nos façam, amanhã e por relativismo, vir a lembrar Sócrates como um amante indefectível do contraditório com pontuais azias (politicamente desastradas) perante o fel, o justo e o injusto, o fundamentado ou inventado, o de boa ou de má fé, dos que, nos jornais e nas televisões, nem com molho de tomate o gramam. Antes que seja tarde, é necessário que “disto” não passemos, com Sócrates a manter-se como a referência mais detestável entre aquilo que provámos em democracia, com o poder numa das mãos e a vontade, na outra mão, de ter um país de cortesãos situacionistas aos seus pés. Porque, Berlusconi demonstra-o, pior ainda é possível. E sem daqui se sair, basta olhar para essa senhora, misteriosa, com autoritarismo contido e de tom grave e solene, que nos promete "um bom governo PSD" à maneira de Jardim, transformando o país numa grande Madeira. Que, decerto, não iria tratar os jornalistas críticos com a mesma bonomia com que lidou, para tele-espectador ver, com o vendaval da oratória esquerdista de Louçã.

(Publicado por João Tunes - Água Lisa - Imagem Net )

5 comentários:

  1. Jardim é o prototipo do Berlusconi só que ainda mais desvergonhado no estilo e na pose. Mita

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  2. Não é este Senhor que é dono de Canais de Televisão, Revistas, jornais, mulheres, pouca vergonha e uma infinidade de coisas próprias das Mafias ? Dog

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  3. Era um bom país a Itália para a nossa irrequieta e desastrada jornalista M.M.G se movimentar. Telma

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  4. Mudem de estratégia. 3 comentários, 3 nomes diferentes, separados por 2 3 minutos, o tempo suficiente para escrever meia dúzia de palavras pela mesma pessoa. Gato escondido com rabo de fora. Ou são vocês os "Burros", ou querem fazer dos outros "Burros". Lá que defendam a vossa dama, tudo bem, mas assim dá muito nas vistas e só perdem com isso. Leitor atento.

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  5. Leitor atento eu fui um dos que escreveu um dos comentários. Mas como saí logo de seguida fiquei amedrontado com a possibilidade medonha de escrever dentro do carro a 80 ou a 90 à hora. Elel há coisas do caraças. Tudo bem. Voltarei mas com cuidado. Chau Dog

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