sexta-feira, 30 de abril de 2010

1º de M A I O



Poema de Maio
(pela pura beleza das palavras, sem mais)

Maio maduro Maio
Quem te pintou
Quem te quebrou o encanto
Nunca te amou
Raiava o Sol já no Sul
E uma falua vinha
Lá de Istambul

Sempre depois da sesta
Chamando as flores
Era o dia da festa
Maio de amores
Era o dia de cantar
E uma falua andava
Ao longe a varar

Maio com meu amigo
Quem dera já
Sempre depois do trigo
Se cantará
Qu'importa a fúria do mar
Que a voz não te esmoreça
Vamos lutar

Numa rua comprida
El-rei pastor
Vende o soro da vida
Que mata a dor
Venham ver, Maio nasceu
Que a voz não te esmoreça
A turba rompeu

( Poema de José Afonso ---- Imagem: Jep Flaqué )

O nosso Presidente Cavaco anda xenófobo ?



sexta-feira, 30 de Abril de 2010
Cavaco, o xenófobo...
«Cavaco Silva: investimentos sem mão-de-obra nacional devem ser reponderados»

Texto in Público online, 30-4-2010
Nota de Zorate:
E os milhões de portugueses que trabalham por esse mundo fora?
A sua permanência nos diversos países deve ser reponderada pelos respectivos governos?
Publicada por Alberto João in Blog " Horta do Zorate" - Imagem: Revista FHM)

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Número de doentes em lista de espera para cirurgia cai 81% em 4 anos



Segundo o Público (o relatório ainda não está online) "no ano passado, 17.082 doentes estavam em lista de espera há mais de doze meses, menos 16 por cento que em 2008 (20.400). Entre 2005 e 2009, este número reduziu 81 por cento".

A mediana do tempo de espera por uma cirurgia caiu 8,1% só de 2008 para 2009, de 3,7 para 2,4 meses.

Curioso ainda notar que os doentes do Alentejo esperam metade (em termos da mediana) que os doentes da região de Lisboa.

(In Blog " Fado Positivo" - Imagem : Hosp. Stª Maria )

quarta-feira, 28 de abril de 2010

AÍ ESTÁ MAIS UMA FEIRA DO LIVRO DE LISBOA !



A Feira do Livro de Lisboa abre amanhã, 29 de Abril. Desde a sua primeira edição, em 1930, tem subido a colina. Começou no Rossio, ali à boca do Chiado, onde se concentravam os Livreiros. Subiu um pouco mais e passou para a Avenida da Liberdade. Finalmente assentou arraiais no Parque Eduardo VII. Este ano, prometem-nos uma boa festa do Livro. Por exemplo, de segunda a quinta-feira, entre as 22h30 e as 23h30, há livros com 50% de desconto. E música ao vivo, durante a semana, das 21h30 às 22h15. E muitos autores, portugueses e estrangeiros, a autografarem as suas obras. Vamos aproveitando este ritual à volta do Livro impresso, enquanto os e-books não nos estragarem a Festa.

(Na imagem, do Arquivo Fotográfico de Lisboa, o General Carmona inaugura a Feira do Livro, em 1935).


(Por Tomás Vasques no Blog " Hoje há Conquilhas )

terça-feira, 27 de abril de 2010

Madame Guedes ainda............



Informam os media que Manuela Moura Guedes foi notificada pelo Ministério Público para apresentar provas das acusações que fez sobre um alegado plano do governo para controlar a comunicação social. Dizem que a senhora está indignada. Só pode ser engano!, terá dito. É à polícia que cabe investigar... Com efeito. Mas a partir de provas minimamente sustentáveis apresentadas pelo(s) denunciante(s). Caso contrário, qualquer um pode tramar o vizinho.


Manuela Moura Guedes andou meses a fio a dizer que sabia isto e mais aquilo. Tentou habilitar-se como assistente do processo Face Oculta. O MP indeferiu. Foi ouvida numa Comissão de Ética onde a deixaram dizer tudo o que lhe veio à cabeça. Até meteu o rei de Espanha na história, lembram-se? Dito de outro modo, apostou forte. Agora, a quem tem tantas certezas, o MP exige os indícios credíveis que permitam dar início à investigação.

Se não fosse assim, qualquer um escrevia uma carta ao DIAP a dizer que fulano distribui cocaína pelos convidados lá de casa ou que beltrano traça crianças ao pequeno-almoço. A profissão de jornalista não isenta ninguém de assumir a responsabilidade dos seus actos.

No "Da Literatura"
Postado por aviador no Blog " Mala Aviada " - Imagem in blog: bradentusmanos.com)

segunda-feira, 26 de abril de 2010

A DIFERENÇA DOS CORETOS



magem: Coreto de Loulé - Foto recolhida na Net, de autor desconhecido
Ontem, 25 de Abril, a pretexto da efeméride da Revolução dos Cra-vos, na zona ribeirinha de Portimão, foi inaugurado o novo coreto da cidade, que veio substituir o anterior, que houve necessidade de demolir pelo estado de degradação em que se encontrava.

A câmara portimonense fez um investimento de 232 mil euros para responder ao desejo dos seus concidadãos de terem de volta um dos marcos simbólicos da cidade.

O novo equipamento foi instalado num dos locais mais aprazíveis da cidade e, tal como aconteceu em 25 de Julho de 1925, a música da Sociedade Filarmónica Portimonense voltou a ouvir-se, evocando os tempos em que eram frequentes os concertos que proporcionavam aos portimonenses, momentos de lazer e de cultura.

Em Tavira, como em muitas outras vilas e cidades deste país, durante todo o Verão, também o coreto da cidade é o centro de animação frequente.

Em Loulé…

Bem, em Loulé puseram no coreto uns toscos bonecos de traço infantil, um faz-de-conta de esferovite que, num faz-de-conta que tocam para uma cidade, que faz-de-conta que tem uma autarquia que faz-de-conta que se preocupa com a cultura e com a tradição.

Nada a dizer!
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Tema: Cultura e recreio, Editorial, Notícias do concelho

- Lançado por: José Carlos in Calçadão de Quarteira -

Qualquer dia quem diria



Um dia qualquer, que não tarda muito porque o excesso ou falta de sexo leva à bebida (digo eu, lembrando-me dos dois anos a “seco” mas “bem bebidos” passados na guerra colonial), o Miguel Marujo, ainda nos vai transformar esta anedota com o padre a fazer de bêbado. Porque o álcool desprende a língua e desliza os travões sociais e institucionais. Vamos ter, então, estou certo, uma inspirada e deliciosa heresia. Porque o mais interessante no humor corrosivo ou simplesmente questionante não é quando o bobo questiona o poder, essa coisa vulgar, é quando o poder se despe perante o bobo e é este que se dasata a rir. Antecipando-me à inspiração, ofereço-lhe, desde já, uma hipótese de imagem ilustrativa.


(Publicado por João Tunes in Blog Água Lisa )

domingo, 25 de abril de 2010

E o Povo saíu à rua........



(Fotografia de autor desconhecido )

EM HONRA DAS MÃES E FILHAS DA MADRUGADA



Não há mágoas nem queixas ou indignações, frustrações, rancores e revoltas que apaguem o significado e a profundidade das mudanças de 24 para 25 de Abril de 1974. Mas não vou gastar latim retórico a enumerar os indicadores da mudança pois ia-vos enfadar sem conseguir ser exaustivo. Escolho, por isso e neste dia, apenas uma provocação simbólica: imaginam as damas, as senhoras, as jovens e as adolescentes que só pelo 25 de Abril se tornou possível saírem à rua e ocuparem espaços públicos sem serem mandadas, impedidas, molestadas ou incomodadas? Não sejam modestas em demasia, minhas caras concidadãs, vocês foram, sobretudo por mérito vosso (pois claro), a conquista menos corroída, porque mais estrutural, daquela madrugada.


(Publicado por João Tunes - In Blog Água Lisa )

sábado, 24 de abril de 2010

25 de Abril - UM HERÓI GRANDE DEMAIS !



Salgueiro Maia foi um dos melhores interpretes do 25 de Abril enquanto abrir a porta de Portugal à democracia, teve coragem quando foi necessário tê-la, restaurada à democracia voltou ao seu quartel, deu tudo quanto tinha e nada pediu em troca. Não fez discursos, não pretendeu tutelar a vontade do povo, não assinou artigos como capitão de Abril, fez o que tinha de fazer, foi o que tinha de ser.

Por ser quem foi ficou esquecido, representava a coragem que uma direita apeada do poder absoluto nunca perdoou, chegando ao ponto de um Presidente da República dessa direita o ter desprezado ao mesmo tempo que pagava os serviços prestados de um “pide”, foi mesmos promovido do que outros “revolucionários” mais vistosos e que os oficiais da direita depois de retomada a normalide. Foi esquecido por uns e perseguido por outros. Hoje todos os amamos mas quantos não o esqueceram?

Ainda hoje há quem assine artigos de jornal como “capitão de Abril”, quem decida quais os nomes dos oficiais de Abril que devem constar nas estátuas, quem cobre ao país o favor de lhe ter ajudado a conquistar a liberdade. Salgueiro Maia nunca o fez, não foi comandante de nenhuma região, não foi brigadeiro nem general, não assinou artigos de jornais, não andou nas comendas presidenciais, foi igual ao seu povo.

Não impôs ideais ao país, não deu raspanetes à democracia nem pretendeu decidir que democracia que havia de dar, mas deu um exemplo superior ao que qualquer outro deu, serviu o seu país sem pedir nada em troca porque dar a liberdade a um país é um dever e não um favor, servir o povo é dar sem esperar nada em troca.

Um exemplo que muitos dos seus companheiros de armas e uma boa parte da classe política não conseguiram ou quiseram ver. Salgueiro Maia foi melhor do que todos eles e do que todos nós. Por isso merece o reconhecimento unânime de todos, incluindo dos seus adversários, até do” presidentezinho” que temos que em tempos deu ao “pide” a pensão que recusou a Salgueiro Maia.

Este país deve muito a Salgueiro Maia, muito mais do que alguma vez lhe poderia ter dado em vida, deve-lhe a eternidade que só os heróis merecem. Por isso acho que há muito que os seus restos mortais deviam estar no Panteão Nacional e o novo aeroporto de Lisboa devia ostentar o seu nome, para que todos os que neste país abrem asas o façam porque um dia houve um Salgueiro Maia.

( In Blog: O Jumento - Imagem: Net )

sexta-feira, 23 de abril de 2010

A minha Dentista



A minha dentista
Por Joaquim Letria

TENHO UMA MÉDICA dentista licenciada pela Universidade de Coimbra, que é bonita, não faz doer e cantarola enquanto nos trata os dentes. Antes, tive um inglês, um português que explorava brasileiros nas avenidas novas e um simpático dinamarquês. O inglês reformou-se e foi para as Bahamas, o dinamarquês morreu, os brasileiros, que eram óptimos, regressaram ao Brasil e eu fugi do patrão deles a sete pés.
Um dia, recomendaram-me um modernaço. Queria 4 mil contos por meter uns implantes e eu saía do consultório a comer uma maçã, num sábado de manhã. Como não quis, fui despedido de cliente.
Recordo tudo isto porque leio agora, nos jornais, que desde 2008, em Portugal, foram desencadeadas 38 queixas-crime e recolhidas 47 denúncias contra alegados dentistas da nossa praça.
O Bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas, Monteiro da Silva, que anda a pôr a casa em ordem, diz que a maioria dessas querelas acaba em penas suspensas e multas, mas acrescenta que a Ordem nunca perdeu um único processo. E que além destes casos há uma média de 40 clínicas fechadas por ano por graves faltas de higiene sanitária.
Estou muito feliz com a minha dentista, médica de verdade, bonita e competente. E cantarola enquanto nos trata os dentes. Que mais se pode querer?

( In «24 horas» Joaquim Letria- Imagem: inmagine )

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Colaborador próximo do Papa defende« limpeza» da Igreja



O cardeal Walter Kasper, um colaborador próximo do Papa, defendeu hoje uma «limpeza» na Igreja através da condenação dos culpados de actos de pedofilia e da indemnização das vítimas.

«Já chega. É preciso fazer a limpeza na nossa Igreja», declarou numa entrevista ao jornal La Repubblica.

«Os abusos sexuais de menores por parte de responsáveis do clero são actos criminosos, vergonhosos, pecados mortais inadmissíveis», adiantou o prelado alemão, presidente do Conselho Pontifício para a Unidade dos Cristãos e membro de várias congregações do Vaticano.

Segundo o cardeal Kasper, «o Papa não tem intenção de ficar a olhar» sem agir e exige «a tolerância zero em relação aqueles que são culpados de más condutas tão graves».

Provas da determinação de Bento XVI são, segundo Kasper, as recentes demissões de bispos irlandeses acusados de terem encoberto abusos sobre crianças realizados durante dezenas de anos por padres.

O Papa «não vai parar aqui», assegurou o cardeal, referindo a carta pastoral à Igreja da Irlanda prevista para as próximas semanas.

O cardeal Kasper sugeriu mesmo que aquela mensagem podia ser alargada a toda a Igreja.

«Creio que um problema tão melindroso, que apareceu não apenas na Irlanda, mas também na Holanda, na Alemanha e nos Estados Unidos, merece uma análise mais vasta relativa à Igreja universal e não a um único país», explicou, adiantando caber "ao Santo Padre decidir».

Ao escândalo da pedofilia que envolveu o clero da Irlanda, divulgado no final de 2009, juntaram-se nas últimas semanas revelações de abusos sexuais nas escolas católicas na Alemanha, nomeadamente no coro dos pequenos cantores de Ratisbona (Baviera), dirigido durante perto de 30 anos pelo irmão do Papa, o bispo Georg Ratzinger.

(In TSF -Rádio Notícias - Net - Imgem: Net )

O ENXOVALHO DE PRAGA



«A Imprensa, as rádios e as televisões andam cada vez mais preocupadas com o folclore dos dias do que com a real importância dos factos. Cansaram-nos com os relatos do humor (santo Deus!) do dr. Cavaco; com a espórtula do distinto casal aos músicos de rua na ponte Carlos; com as jovialidades dos transbordos de automóveis, o percurso dos autocarros, os "kits" com comida para as personagens consideráveis. No que se refere ao enxovalho, à injúria, à humilhação com que o Presidente da República Checa, por duas vezes, mimoseou o seu convidado, e o que o seu convidado representava, a Imprensa, as rádios e as televisões limitaram-se a bocejos laterais. E o dr. Cavaco perdeu a memorável ocasião de provar ser "o Presidente de todos os portugueses."

Vaclav Klaus, Presidente da República Checa, e antigo e experimentado governante, excedeu, em grosseria, tudo o que se presume dever ser a compostura canónica de um estadista, e, com surpreendente rudeza, inquiriu se os portugueses não se sentiam nervosos com o défice de 8 por cento, facto que, com ele, jamais sucederia.

Sorridente, disperso e confuso, o dr. Cavaco murmurou não ser governante, admissão entendida por Vaclav como fraqueza ou pusilanimidade, pelo que voltou à carga, noutra cerimónia de Estado. Nem um escasso protesto, nem a mais diminuta desaprovação, nem a mais exígua frase indignada. Mais tarde, o extraordinário dr. Cavaco, contemporizador e tranquilo, resignava-se à ignomínia (porque de ignomínia se tratou) esclarecendo que o Presidente checo era, por natureza, "pouco ortodoxo." O dr. Cavaco admitia a incivilidade e a infinita grosseria do checo; porém, graciosamente, engoliu o insulto (além de outros, reiterados como um ressentimento absurdo) e confinou-se à vergonha do silêncio comprometido.» [DN]

( Por BAPTISTA BASTOS in Diário de Notícias e Blog o Jumento -
Imagem: Zipline.files.wordpress)

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Morales culpa a los transgénicos de la homosexualidad y la calvicie



El presidente de Bolivia, Evo Morales, ha sorprendido con sus últimas declaraciones públicas en las que ha asegurado que la comida transgénica es la responsable de las "desviaciones" de los hombres hacia la homosexualidad y de la calvicie en Europa.

Morales cargó contra los transgénicos con esas afirmaciones y otras sobre los perjuicios a la salud causados por la Coca Cola y la patata holandesa. El mandatario defendió sus ideas, afirmando que no eran inventos, sino información probada y, en algunos casos, como el de Coca Cola, fruto de su vivencia.

El dirigente empezó hablando de los pollos. Según el presidente boliviano, las aves de granja que son engordadas con hormonas femeninas tiene consecuencias en quien las consume. "El pollo que comemos está cargado de hormonas femeninas. Por eso, cuando los hombres comen esos pollos, tienen desviaciones en su ser como hombres", espetó Morales, provocando la risa de los miles de asistentes a la inauguración de la Conferencia Mundial de los Pueblos sobre el Cambio Climático y los Derechos de la Madre Tierra.

( In Publico.es - Imagem: Efe /J.Abrego )

Biomecânica da P u L hi c EEEEEE !!!!!!





Carlos Enes afirmou numa comissão de inquérito parlamentar que o Governo queria afastar Manuela Moura Guedes em 2005. 2005. Sim, 2005. Contaram-lhe. Pessoas amigas, do PS, num jantar. E que fez este bravo com a informação? Poucochinho. Contou à Moura Guedes, mas sem se ter chibado com os nomes dos amigos, que também não quis revelar aos deputados.

Noutro passo das declarações, partilhou a sua opinião relativa à existência de documentos na TVI com que se poderia fazer uma notícia sobre o Freeport. Porém, recusou informar os deputados acerca do conteúdo dos mesmos. Pelo que poderá ser qualquer coisa. Talvez um cálculo probabilístico quanto à marca dos tais envelopes dados a Sócrates em tascos manhosos dos subúrbios. A pista é a cor, castanho. A partir daqui, é possível fazer um levantamento dos fabricantes que distribuem envelopes castanhos na Margem Sul. Pode ser pouco, mas dá uma notícia segundo os critérios do saudoso J6. Ou talvez tenham entrevistado pessoas que sonharam com Sócrates. Pessoas que garantem tê-lo visto, nesses sonhos, a entregar dinheiro a um mafioso, com a cara do Diogo Infante, para lhe comprar uma casa de luxo algures em Lisboa. Isto também daria uma notícia para a equipa da Moura Guedes.

Um dos elementos característicos da pulhice é a sua incapacidade em fornecer prova. Esta osteoporose ética provoca rachas e fracturas na dignidade dos materiais sujeitos à torção das evidências: a calúnia é um vórtice que arrasta os mais frágeis para uma irremediável perdição. Aqueles que assim envenenam as relações comunitárias são o atrito da liberdade.

(Publocado por Val no Blog " Aspirina B "- Image: Pintura de Kazuya Akinoto )

segunda-feira, 19 de abril de 2010

O debate sobre a asfixia pelo prisma de um jornalista Independente(nas horas vagas)



Ninguém falou nisso. Dá-me a ideia de que ninguém deu por nada… Mas acabou de me chegar (só agora) às mãos, um jornal editado durante o congresso do PSD da semana passada.

Ora imaginem quem fui encontrar, entre os «escribas»: nada mais nada menos que José Manuel Fernandes, esse grande referencial, impoluto, imparcial, retrato da ética, da chamada «imprensa de referência», esse mesmo que foi fazer queixinhas na comissão da Assembleia da República…

Afinal, o homem conseguiu dar uma saltada até Carcavelos para escrever para o Público e para fazer comentários para a TVI. Tudo bem.

E, enquanto os patrões lhe pagavam para exercer as suas funções, lá foi arranjando um tempinho… para mostrar o seu «laranjismo» no «Jornal Oficial do PSD».

Mas houve mais: Inês Serra Lopes, outra figura rigorosa do jornalismo, também lá esteve a trabalhar para quem lhe paga: o jornal «i»; também comentou para a RTP e, enquanto não encontrou mais nenhum sósia de Carlos Cruz, lá foi escrevinhando para o mesmo jornal do PSD.

Vamos fazer um exerciciozinho? Aceitam? Então, vá lá:

Suponha o leitor que em vez de ser um congresso do PSD se tratava de um congresso do PS…

Já está a ver? Durante o congresso, os socialistas editavam um jornal e «jornalistas de referência» decidiam, entre duas pausas no trabalho para que eram pagos pelos respectivos patrões, fazer «uma perninha» para escrever umas lérias cor-de-rosa no «jornal oficial do PS»…

Perceberam?

Na semana seguinte, Sócrates seria empalado no Parlamento, na imprensa, na televisão… Mais um escândalo para a sua conta, mais uma comissão de inquérito parlamentar… enfim…


Tema: Espante-se, Política sem espinhas.

- Lançado por: José Carlos no " Calçadão de Quarteira " -

Cardeal quer acabar com os cristãos « Faz-de-conta»



«O cardeal patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, defendeu hoje, em Alcobaça, que é preciso diminuir o número de cristãos “faz de conta”, considerando o elevado número de não praticantes como um dos principais problemas da Igreja.

“O principal problema que eu, como bispo da nossa diocese, sinto hoje é que é preciso diminuir o número dos cristãos faz de conta”, afirmou D. José Policarpo, durante o encontro com jovens no âmbito da VIII Jornada Diocesana da Juventude.» [Público]

Parecer:

Digamos que defende um "emagrecimento" da igreja.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se ao cardeal se na hora de fazer exigências ao poder estes cristãos não lhe dão jeito.»


(In Blog " O Jumento" - Imagem: Net )

sábado, 17 de abril de 2010

Emídio Rangel escreve a Santana sem M E D O !



Qualquer badameco escreve uma prosa contra o Primeiro-Ministro e fica bem na fotografia.

Li a coluna de opinião que todas as semanas publica num jornal má fama. Resisti a responder-lhe porque, com excepção de alguns equívocos e interpretações erróneas, é um desabafo que não ofende ninguém.

Tudo ponderado, achei que devia aproveitar a ocasião para esclarecer, mais uma vez, esta coisa horrenda que é ser um homem de convicções, sem telhados de vidro, num País de sacanas. E faço-o a pretexto da sua página porque se há alguém que me conhece bem como homem e jornalista é de certeza o Pedro. Vamos às questões de fundo. Em primeiro lugar, eu nunca na vida misturei notícia e opinião, nem servi duas causas incompatíveis – fazer jornalismo e política ou relações públicas.

Como qualquer pessoa, não me liberto dos meus subjectivismos pessoais, mas ao longo de uma vida inteira sempre soube de forma isenta, independente, séria e profissional, dirigir com equidade os órgãos de comunicação social de que fui director. A TSF, a SIC nos seus primeiros dez anos e muitos outros meios falam por mim e pelo meu trabalho. Dezenas de Jornalistas que formei e dirigi ou com quem fiz equipa demonstram-no sem ambiguidades. Hoje, estou afastado da vida jornalística activa (fui saneado mais uma vez pelo PSD) e exprimo a minha opinião e os meus pontos de vista quando me convidam para o efeito. Aí sou um cidadão com direito a opinião, num País livre. Sou só uma pessoa que tem respeito e consideração por José Sócrates. Quase não tenho contacto com ele. Nunca troquei nada com ele. Ele nunca me concedeu benefícios. Nunca lhe pedi nada. Nem ele a mim. Nem para o defender lhe pedi autorização. Eu defendo-o porque lhe reconheço mérito e uma enorme capacidade de servir o País e de fazer sacrifícios para o tornar melhor.

Mas também o defendo porque nunca vi um Primeiro-Ministro ser tão violentamente atacado por medíocres, cobardes, vermes, comprados para a tarefa de o aniquilar nos jornais. Nenhum Primeiro-Ministro no mundo, alguma vez, se sujeitou a tantos vexames, sem nunca mudar de caminho, sem nunca retaliar, sem nunca usar o seu poder para calar, acima de tudo, sem ceder à tentação de mandar tudo às urtigas e ir de férias.

Sei que escolhi o caminho mais difícil porque, nos dias que correm, não custa nada atacar e dizer mal de tudo. Qualquer badameco escreve uma prosa contra o Primeiro-Ministro e fica bem na fotografia. Por estranho que lhe pareça, meu caro Pedro, eu sou assim.


( Emídio Rangel, jornalista in "Correio da Manhã ")

Invetsigações fast-food



Os quatro casos de suspeitos de corrupção investigados pelo Ministério Público de que tenho algum conhecimento levam-me a desconfiar dos métodos, da competência e mesmo da formação dos nossos procuradores.

Uma das vítimas acabou por morrer por doenças cujo agravamento pode se associado àquilo por que foi obrigado a passar, chegou mesmo a ter dificuldades de acesso à insulina para combater os diabetes. O seu nome foi associado a tráfico na comunicação social, foi a julgamento sem que o MP tenha apresentado qualquer prova, mais com base no diz que disse e na imaginação fértil dos investigadores.

A segunda vítima era um dos técnicos mais brilhantes que conheci na Administração Pública o que suscitou o receio de dirigentes muito ciosos do seu lugar. Foi investigado durante anos, o seu nome foi aturado para a lama da comunicação social, foi escutado, vigiado e alvo de buscas, gastou imenso dinheiro em advogados, acabou na ruína, abandonou o país, foi para o Brasil e daí para Timor. Depois de destruído e arruinado o MP acabou por arquivar o seu processo.

A terceira vítima viu o nome enlameado sistematicamente na comunicação social, foi alvo de buscas a casa com base em cartas anónimas, o seu processo acabou por ser arquivado com o reconhecimento da sua inocência.

A quarta vítima foi elogiada em pleno julgamento onde o MP foi enxovalhado pelo juiz que considerou que estava perante um funcionário exemplar.

Quando o Ministério Público passa a mensagem de que os corruptos se escapam ficamos com a ideia de que lhes faltam meios de investigação e que apesar de serem competentes e “darem o litro” se escapam porque a lei protege os corruptos e, ainda por cima, estes contam com bons advogados. As estatísticas não são estudas, as situações não são discriminadas e a sua divulgação obedece muitas vezes a objectivos de propaganda que vão de encontro a interesses corporativos.

Em Portugal se um político ou alto funcionário for suspeito de um crime passa ao estatuto de animal sem direitos, é escutado legal ou ilegalmente, a casa é alvo de buscas, os investigadores conseguem o que querem dos juízes de instrução com base em meras suspeitas, em cartas anónimas ou mesmo em dicas. Depois de os suspeitos terem sido enxovalhados em público, de terem gasto dinheiro com advogados, de terem sido humilhados sistematicamente os processos arrastam-se até que, quando já estão esquecidos, vão a julgamentos com base em acusações da treta ou são arquivados sem direito à reparação do bom nome das vítimas.

Mas parece que escutas a torto e a direito, com gravações das redes fixas ou móveis ou mesmo com recurso a equipamentos portáteis que nenhum juiz é capaz de controlar, buscas ao domicílio, vigilâncias com fotos e vídeos e acusações com base na imaginação criativa dos procuradores não basta. Também não bastam os julgamentos na praça pública como garantia de que os suspeitos serão condenados mesmo que não cheguem a ir a julgamento. É preciso mais.

O país vive numa paranóia alimentada por procuradores que usam o poder para condicionar e pressionar o poder político, já se é suspeito por ter dinheiro com a inversão do ónus da prova, já querem introduzir o perdão aos denunciadores. Mas mesmo assim é pouco, uma conhecida procuradora já propôs investigações preventivas, aplicando à justiça os princípios da medicina preventiva. Todos somos suspeitos e por isso não basta sermos investigados com base em indícios, nalguns casos já se deve investigar a título preventivo.

Por este andar quando um português nascer em vez de se ir ao registo civil vai-se ao Ministério Público para que se produza a competente certidão que dê lugar à devida investigação e o nado vivo ainda antes de ser português já foi constituído arguido. Isto não é combater a corrupção ou o crime, é destruir a democracia, porque uma democracia tutelada por polícias e magistrados não é uma democracia. Isto não é habilitar os investigadores de meios de investigação, é transformá-los em sacerdotes justiceiros numa sociedade tutelada por justiceiros.

( Publicada no Blog " O Jumento" )

Um cêntimo, não mais para este presidente santo antoninho



Na Ponte Carlos não perdeu a oportunidade mediática e patrioteirita de reivindicar a origem lisboeta do Santo António, como se afirmasse uma verdade histórica importante (e não é uma coisa nem outra). Depois, na solenidade das recepções oficiais, Estado-a-Estado, não foi capaz de mandar calar, mandar à merda, ou simplesmente retirar-se, defendendo a dignidade da soberania, quando a besta presidencial do Klaus bolsou inconveniências diplomáticas banidas de qualquer menu de bem receber, comparando défices como se estivesse a aferir dentaduras de cavalos.


( Publicado por João Tunes in Blog Água Lisa )

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Inauguração do Kartódromo de Portimão........ e nós a vê-los passar



O kartódromo do parque de desportos motorizados de Portimão vai ser inaugurado no primeiro de Maio, segundo o jornal «barlavento» online.

O circuito terá 112 versões diferentes, em função do tipo de utilização, sendo um dos maiores kartódromos da Europa e um dos poucos com zonas artificialmente molhadas.

Desculpem a pergunta parva: Não era para ter sido construído em Boliqueime? Ou era um motódromo?
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Tema: Desporto, Notícias do Algarve

(Lançado por: José Carlos em Calçadão de Quarteira - Imagem: Net )

Campanha de Cavaco Silva mascarada ??????



Como se sabe, as comemorações do «Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas» terão, este ano, a sua sede em Faro.

Óptimo. O Algarve precisa de visibilidade e mesmo que a Câmara de Faro, conjuntamente com as Casas Civil e Militar da Presidência da República, tentem mascarar a campanha eleitoral de Cavaco Silva, sempre é uma forma de se falar na região e na sua capital que, deste modo, saem prestigiadas e enobrecidas.

Muitos algarvios e particularmente os farenses já se deverão ter interrogado sobre os trabalhos de terraplanagem que estão a ser executados junto do Fórum Algarve. Pois é: são trabalhos levados a cabo pela engenharia militar para aí se acolher o desfile militar do 10 de Junho.

Ao que parece, não havia outro lugar que, com tanto aparato (e menos dispêndio) se pudesse realizar esse desfile. Nem sequer o Largo de S. Francisco…

Demo-nos ao trabalho de tentar perceber em que consistirá o restante programa das comemorações e acabámos por saber que haverá, a partir de 5 de Junho, uma série de «actividades lúdico-recreativas» (passe a redundância) no jardim Manuel Bívar onde se poderá apreciar uma exposição de arsenal militar, um simulador de voo a bordo de uma aeronave da força aérea, um slide panorâmico sobre as forças armadas e até… uma padaria de campanha!

Esperemos que não se esqueçam de trazer também para a doca de recreio, para que o possamos apreciar, um dos submarinos do senhor Portas. Ficaria, assim, a panóplia completa da exposição bélica de Portugal.

Heróis do mar… Nação valente! Às armas! Às armas!

Quem nos ameaça? Ou já estamos prontos para ir reconquistar Olivença à força de baionetas?
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Tema: Espante-se, Notícias do Algarve

Lançado por: José Carlos in Calçadão de Quarteira - Título escolhido pelas Vozes -

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Ainda lhe parto os dentes.......!!!!!!!



Nuno Morais Sarmento não gostou mesmo nada da retumbante vitória de Pedro Passos Coelho. Apoiante de Paulo Rangel, o ex-presidente do Conselho de Jurisdição Nacional do PSD mostrou no congresso de Carcavelos o que lhe ia na alma.

Em primeiro lugar recusou um convite do próprio Rangel para integrar a lista de unidade para o Conselho Nacional. Foi o próprio que fez questão de dizer que o seu contributo para a unidade ia ser dado com ideias. Depois recusou falar no congresso, porque, segundo afirmou, o PS podia aproveitar o seu discurso para dizer que, afinal, a unidade social-democrata tinha os pés de barro. Mas o bom e o bonito aconteceu no sábado à noite.

Nuno Morais Sarmento foi convidado para uma entrevista na SIC Notícias e lá foi explicar as razões do seu descontentamento. Chegou ao primeiro andar do pavilhão com um ar sério e sereno. O Diabo aconteceu depois. Quando ia a sair do estúdio da SIC deu de caras com Carlos Abreu Amorim, apoiante de Passos Coelho e ex-comentador do CM. Morais Sarmento aproximou-se, encostou--se a Carlos Abreu Amorim e, baixinho, atirou-lhe: "Ainda lhe parto os dentes". Depois foi à sua vida. Só visto.

(In Correio da Manhã- Correio Indiscreto de Ant. Ribeiro Ferreira - Imagem: Net )

quarta-feira, 14 de abril de 2010

O Vaticano explica o inexplicável



VATICANO EXPLICA O INEXPLICÁVEL

«O Vaticano esclareceu esta quarta-feira que as declarações do seu «número dois» associando pedofilia e homossexualidade se referiam apenas aos padres, mas admitiu que não é da competência da Igreja fazer afirmações gerais de carácter psicológico ou médico, avança a Lusa. » [Portugal Diário]

Parecer:

O que o Vaticano pretende dizer é ainda pior do que o que o cardeal disse, pretende que a pedofilia dos padres tem mais que ver com a sua homossexualidade do que com o ambiente protegido da sacristia.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se ao vaticano o que pensa dos casos em que os abusos foram sobre meninas.»

(In Blog " O Jumento" - Imagem: Net )

terça-feira, 13 de abril de 2010

DiA MuNdial DO BeiJo



Soube há pouco. Parece que hoje, 13 de Abril, é o Dia Mundial do Beijo. E a propósito disso, lembrei-me da chamada “doença do beijinho”, mais conhecida por Mononucleose, causada por um tal vírus Epstein-barr. Teria eu uns 17 anos, desejoso que começassem as férias do Verão – aquelas à moda antiga, com quase 3 meses de férias – quando sou atacado por uma febre irritante, uma febre um pouco acima dos 37ºC (para mim já é febre) que ao fim de uma semana não havia forma de passar, nem mesmo perante a administração de um antibiótico. Perante tanta resistência, fui às urgências e o médico atacou-me logo com a pergunta para 50 contos: “O senhor andou aos beijinhos?”. Eu podia ter dito que sim, que tinha andado aos beijinhos, e não só, Ah Leão! Mas não. Não era o caso. Entre várias formas de transmissão da doença, eu devo ter apanhado o Epstein-barr a lavar copos num restaurante pseudo-italiano ali nas Amoreiras, um tal de “Mad Mess”. Algum mononucleótico terá lá ido jantar, terá babado o copo, eu terei agarrado no copo e terei levado a mão à boca…sei lá, se não foi assim, foi parecido. Vieram as análises e confirmou-se a suspeita. O Epstein-barr tinha invadido o meu corpo e eu teria de dizer adeus às férias de Verão. Mas antes disso, o médico ainda deu um puxão de orelhas por algum iluminado(a) se ter lembrado de me dar antibiótico. Que parasse imediatamente de o tomar. Dito e feito. Ui! Nem um dia passou e tive uma dor de garganta de caixão à cova. Engolir estava fora de questão. Depois disso, foi sopas e descanso. Ou melhor, descanso e pescada cozida temperada com limão. O pior? Não havia TV Cabo, nem Internet, nem amigos…tinham ido de férias. E alguns ainda tiveram o descaramento de me ir visitar: “Então"!? Estás melhor? Ah…não podes sair de casa? Isso é muito chato. Olha, sendo assim emprestas-me o teu saco-cama?”. E neste dia, vou dar música.

Beijemo-nos Irmãos!

(In Blog " Ma Ke Jeite Moss!" - Imagem: Net )

Os cabeças duras do Colorado



NÃO PAGAM IMPOSTOS? ACABOU-SE A LUZ NA RUA

«Fiéis aos princípios libertários, as gentes de Colorado Springs têm a cabeça tão dura como as Montanhas Rochosas. E, como recusam pagar impostos, os autocarros deixaram de andar à noite, um terço dos candeeiros de rua foi desligado e ninguém cuida dos parques. Pior: a falta de fundos nesta cidade de 380 mil habitantes, atingida em cheio pela crise, ameaça as creches e os lares. Estão condenados a fechar tudo em nome dessa ideologia que vê o Governo como um papão que só faz asneiras quando se mete na vida dos cidadãos. Desde que em 1992 os libertários alteraram a Constituição do estado do Colorado, os aumentos de impostos têm de ser aprovados em referendo. Dois terços dos votantes de Colorado Springs recusaram essa via para preencher o défice do município. Esqueceram-se de que nos anos prósperos pagavam menos taxas que os outros americanos e os excedentes orçamentais eram redistribuídos para evitar que o tal papão engordasse.» [D. Notícias]

Por Leonídeo Paulo Ferreira.

(In Blog " O Jumento - Imagem: Net )

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Jogo Sujo



Jovem e ingénuo era quando há muitos, muitíssimos anos, alguém me convenceu a fazer um seguro de vida, sem dúvida do mais rudimentar que então se praticaria, vinte contos que me seriam entregues passados vinte anos no caso de não ter morrido, claro está, não ficando a companhia obrigada a prestar-me contas dos eventuais lucros do minúsculo investimento e suas aplicações e muito menos fazer-me participar deles. Ai de mim, porém, se não pagasse os prémios respectivos. Nessa época, os vinte contos eram muito dinheiro para mim, necessitava trabalhar quase um ano para ganhá-los, e portanto fizeram-me bom arranjo quando mos pagaram, mas o que não pude foi evitar um desagradável sentimento de desconfiança que me dizia, e insistia, que eu havia sido prejudicado, embora não soubesse exactamente como. Nessa altura não era só a chamada letra pequena que nos enganava, a própria letra grande já era um punhado de poeira atirada aos olhos. Eram outros tempos, a gente comum, na qual eu me incluía, sabia pouco da vida e mesmo esse pouco de pouco lhe servia. Quem se atreveria a discutir, já não digo com o actuário, mas com o próprio angariador de seguros, que tinha a lábia toda?
Hoje já não é assim, perdemos a inocência e não fugimos a discutir com a maior das convicções até mesmo aquilo de que só temos uma pálida ideia. Que não nos venham pois com histórias, bem te conheço, ó máscara. O mau é que se as máscaras mudam, e mudam muitíssimo, o que está por baixo delas mantém-se inalterável. E nem sequer é certo que tenhamos perdido a inocência. Quando Barack Obama, no calor da campanha para a presidência, anunciou uma reforma sanitária que permitisse proteger os 46 milhões de norte-americanos não abrangidos pelo sistema em vigor para os restantes, isto é, aqueles que, directa ou indirectamente, pagam os seguros respectivos, esperávamos que uma onda de entusiasmo varresse os Estados Unidos. Tal não sucedeu e hoje sabemos porquê. Mal se iniciaram os trâmites que levarão (levarão?) ao estabelecimento da reforma, o dragão despertou. Como escreveu Augusto Monterroso: o dinossauro ainda estava ali. Não foram só as cinquenta companhias de seguros norte-americanas que controlam o actual sistema a abrir fogo contra o projecto, fê-lo também a totalidade dos senadores e deputados republicanos, e igualmente um apreciável número de representantes democratas, quer no congresso quer no senado. Nunca como neste caso a filosofia prática dos Estados Unidos esteve tão à vista: se não és rico, a culpa é tua. São 46 milhões os norte-americanos que não têm cobertura sanitária, 46 milhões de pessoas que não têm dinheiro para pagar seguros, 46 milhões de pobres que, pelos vistos, não têm onde cair mortos. Quantos Barack Obama ainda vão ser necessários para que o escândalo termine?

(In O Caderno de Saramago - Imagem: Net )

domingo, 11 de abril de 2010

Enfim... de regresso à vocação



( In Pitecos por Zé de Almeida - Blog)

Coisas da luxúria..........



MACDUFF
Tão tarde te deitaste, meu amigo, que tão tarde te levantas?

PORTEIRO
Por minha fé, senhor, estivemos na borga a noite toda; e a bebida, senhor, é grande causadora de três coisas.

MACDUFF
Causadora de três coisas: e que coisas serão essas?

PORTEIRO
Pois, nariz vermelho, sono e vontade de urinar. Quanto à luxúria, senhor, a bebida atiça e não atiça; atiça o desejo, mas impede ao mesmo tempo que o gozemos. Pode pois dizer-se que, em excesso, a bebida aldraba a luxúria: ora a incha, ora a desincha; tão depressa a instiga, como logo a amolece; tão cedo a ergue firme e altaneira como logo a derruba. A luxúria, em resumo, é aldrabada p'la bebida, que a engana com o sono; a põe a urinar e a leva, por fim, a baquear.

Shakespeare in Macbeth

(In Blog " Caf´+e Margoso" - Imagem: Estátua grega - Net )

sábado, 10 de abril de 2010

Senhores deputados vamos à lição de hoje !




A avaliação ao estado da liberdade de expressão em Portugal, levada a cabo pela Comissão de Ética da Assembleia da República, foi um completo fiasco na perspectiva inicial dos seus promotores: demonstrar que o actual governo limita a liberdade de expressão. Ontem à tarde, Augusto Santos Silva, Emídio Rangel e Pais do Amaral responderam às as perguntas colocadas pelos senhores deputados. Ninguém tem dúvidas (a não ser os deputados da oposição que inventaram a dita Comissão) da inutilidade das audições e dos trabalhos da Comissão sobre esta matéria. Hoje, podemos concluir, sem margem para dúvida, o seguinte: é muito mau para a reputação do Parlamento e para cada um dos deputados eleitos sujeitarem-se, como se fossem alunos da instrução primária, a ouvirem pacientemente as longas dissertações sobre o funcionamento da comunicação social e a feira de vaidade que por ali passou. A Comissão de Inquérito ao abortado negócio PT/Prisa/TVI, apesar da dignidade estatutária que lhe está conferida, vai certamente pelo mesmo caminho.


(Por Tomás Vasques - Blog " Hoje há conquilhas" Imagem: Portal Alvarovelho - )

sexta-feira, 9 de abril de 2010

E não há ninguém no PSD ?



O número um¹ da lista de Passos Coelho ao Conselho Nacional é um ex-militante do CDS-PP. O número dois é um secretário de Estado de Guterres. Não se arranja ninguém do PSD para compor a lista? É a isto que Rangel fazia alusão quando falava de “descolonização”?

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In Blog Câmara Corporativa - Imagem: Net -

quinta-feira, 8 de abril de 2010

O Sócrates é um gajo bué da poderoso



"Sócrates aumenta praias de nudistas", estava na primeira página do Sol da semana passada. Hoje, no Sol online, está assim: o projecto era dos Verdes e foi aprovado por todos os partidos, menos o CDS que se absteve. Mas, é claro, não fosse o Sócrates e a pouca-vergonha não passava...

(posted by João Magalhães no Blog " Câmara Corporativa - Imagem: Net )

quarta-feira, 7 de abril de 2010

IGREJA AMERICANA GASTOU BILIÕES DE DÓLARES COM CRISE DA PEDOFILIA



A crise dos padres pedófilos custou três biliões de dólares à Igreja católica dos Estados Unidos mas apenas alguns culpados foram julgados e presos e pouco se fez contra aqueles que encobriram os abusos sexuais a menores cometidos por sacerdotes católicos.

Depois de anos de revelações escandalosas, os Estados Unidos estão a tomar medidas para combater esta crise sem precedentes que atinge a Igreja e que nas últimas semanas chegou ao Vaticano e ao Papa. Bento XVI é acusado de ter protegido padres pedófilos quando era arcebispo de Munique e quando estava à frente da Congregação da Doutrina da Fé (1981-2005).

O jornal norte-americano “National Catholic Reporter” aponta hoje no editorial a má gestão da crise por parte da Igreja, como também afirmou ao SAPO o Padre Mário de Oliveira. O silêncio por parte dos padres e seus cúmplices, bem como das vítimas, que foram alvo de intimidações ou indemnizações, parecem ser o principal problema desta crise.

Ainda nesta quarta-feira, a Igreja da Noruega divulgou um comunicado em que um antigo bispo confessava abusos sexuais cometidos há 20 anos atrás.

(In Notícias Sapo pt)

Passos Coelho e Cavaco: Eles não se podem ver



A distância entre Aníbal Cavaco Silva e Pedro Passos Coelho tem dois nomes: propinas e PGA (prova geral de acesso). Estava-se no início dos anos 90, quando o actual Presidente da República era primeiro-ministro e Passos Coelho presidente da JSD.

Como toda a comunidade estudantil, da juventude comunista à juventude centrista, Passos Coelho estava contra a alteração da lei das propinas do então ministro da Educação, Couto dos Santos. A sucessora na pasta viria a demonstrar- -se ainda pior para a JSD: nem mais nem menos do que a antecessora de Pedro Passos no partido, Ferreira Leite.

O projectado aumento das propinas e a posterior tentativa de introdução de uma prova de ingresso ao ensino superior levou os estudantes a manifestarem--se por todo o país, mostrando aquilo a que Vicente Jorge Silva, então director do "Público", chamou "geração rasca". A Jota de Passos estava contra as propinas e contra a PGA.

Houve vários episódios que distanciaram o líder da JSD do governo dirigido por Cavaco Silva. Um deles aconteceu logo no início do mandato de Passos, que sucedeu a Carlos Miguel Coelho. Os dirigentes da distrital do Porto da Jota, melindrados com a sucessão, decidiram não comparecer no primeiro congresso de Passos Coelho. Entretanto, quando Falcão e Cunha, então secretário-geral do PSD, fez as listas de candidatos a deputados, a JSD entendia que um dos seus dirigentes - Luís Nobre - deveria estar em 26.o lugar na lista e não em 29.o, depois dos elementos da JSD do Porto que tinham boicotado o congresso de Passos Coelho. "O que estava em causa não era Luís Nobre - que todo o partido tratava então por Becas - mas a representação da JSD no Parlamento", lembra um vice-presidente da organização de juventude. Passos Coelho teve uma posição firme: ou Becas entrava como 26.o ou Passos não aceitava ser candidato. Ganhou o braço-de-ferro, com a mediação de Manuel Dias Loureiro, forçando a alteração da lista.

A guerra das propinas é o pontapé de saída para uma relação política difícil entre Cavaco e Passos Coelho. Domingos Duarte Lima, presidente do grupo parlamentar do PSD, impôs disciplina de voto à bancada. A JSD tinha nessa altura 13 ou 14 deputados. E só Pedro Passos Coelho quebrou a disciplina de voto, chumbando a lei do PSD. Foi na sequência da imposição de disciplina de voto que Pedro Passos se demitiu e convocou um congresso extraordinário da JSD, no qual voltou a ser eleito com maioria reforçada.

O próprio Luís Nobre, hoje advogado, considera que a guerra das propinas foi "uma verdadeira hecatombe", e que na altura foi determinante. "O PSD perdeu nessa altura a JSD porque esta perdeu o país", explica Luís Nobre. Os estudantes estavam na rua e não percebiam o sentido de votação do partido social- -democrata. A partir daí as relações foram muito más.

Por fim, a separar Cavaco Silva e Pedro Passos Coelho, há o percurso pessoal do novo presidente do PSD. Pedro Passos Coelho cometeu um pecado capital, na perspectiva do antigo presidente do PSD. "Veio para Lisboa para cursar a universidade e ficou sete anos no primeiro ano de Matemática. Para Cavaco isso era determinante", resume um cavaquista. A verdade não é exactamente essa. Passos de facto desistiu do curso de Matemática porque não conseguia conciliar as aulas com a presidência da JSD, o cargo de deputado e a vida familiar. Aliás, anos mais tarde, quando voltou à universidade, mudou de curso, licenciando--se em Economia - tendo sido o melhor aluno do seu curso uns anos mais tarde do que teria parecido bem ao antigo primeiro-ministro.

Mas o próprio Passos Coelho não tem problemas em afirmar que a sua relação com Cavaco Silva "não foi politicamente fácil" e que o contraste entre o discurso de encerramento e a primeira reunião da JSD com o primeiro-ministro "não podia ser maior". Cavaco, escreve Passos, "parecia algo desconfiado e tenso". Um membro da direcção da Jota dessa época recorda ao i que "Cavaco deveria achar o Pedro insolente". "Acredito que a partir de certa altura me tenha tornado um pouco incómodo", admite o novo líder do PSD. Afinal, foi a JSD que obrigou Cavaco a recuar no pré-acordo com Soares e o PS para a aprovação da amnistia aos presos das FP-25, ameaçou não votar o Orçamento pós-propinas e pediu a Marcelo Rebelo de Sousa para elaborar um projecto de revisão constitucional alternativo ao do PSD. Chega? Com Ana Sá Lopes

(In Jornal " I" - )

terça-feira, 6 de abril de 2010

A N O S - L U Z




Entre a luz que vemos e a realidade dessa luz podem passar milhões de anos-luz. Mas a luz que vemos não é menos real. Apenas nos aparece com uma constância inversamente proporcional à distância que as separa.

Entre a vida que temos e a que conhecemos, em nós e naqueles que abraçamos, há tantas vidas como segundos de vida, tantos abraços como partículas de luz. Apenas nos sabe ao gosto de uma parcela de felicidade.



Temas: o ciclo da pedra

(Publicado por Sofia Loureiro dos Santos " Blog Defender o Quadrado " Imagem: Net )

"Disparar" primeiro, conseguir depois !




O Público, depois de ter disparado, lá "conseguiu contactar" dois juristas (fabulosa expressão - num país de juristas, o Público "conseguiu" contactar dois, parabéns pelo esforço...).
Que disseram o óbvio: sem remuneração, os deputados podem fazer tudo. O limite - ao contrário do que o Público anda a impingir há dois anos - não é qualquer parecer da PGR, mas sim o regime de incompatibilidades. Os deputados não podem exercer funções, remuneradas ou não, incompatíveis com o seu estatuto. E isso está legalmente fixado.
O parecer da PGR aplica-se, como qualquer pessoa de boa fé pode constatar, apenas às funções remuneradas - o que a AR queria saber, quando pediu o parecer, era que funções remuneradas podiam os deputados exercer. Claro como a água - exactamente o inverso da peculiar interpretação do Público.

Já agora, as televisões, que ontem bombaram todo o dia a manchete idiota do Público, não tencionam ouvir também uns juristas? Será que "conseguem"? Sim, é melhor não, correriam o risco de estragar uma "boa história".

(Posted by João Magalhães in " Câmara Corporativa)

segunda-feira, 5 de abril de 2010

20 000 luvas submarinas



-Cartoon de Rodrigo in Expresso online, 05-4-2010 - Blog Horta do Zorate -

E AGORA PEDRO ?




O país precisa de uma oposição credível e isso pressupõe um PSD competente, capaz de chamar a si o papel de alternativa, não permitindo que a oposição caia na rua entregue a magistrados manhosos e jornalistas menos escrupulosos.

A liderança de Manuela Ferreira Leite foi um desastre para o PSD e para o país. Para o PSD porque em vez de apresentar um projecto para o país a liderança do partido optou por andar aos caixotes, apostou tudo nas consequências da crise financeira e dos golpes infligidos pelo Ministério Público ao primeiro-ministro, o PSD especializou-se no golpe baixo e a comissão parlamentar de inquérito é um exemplo disso. Para o país porque permitiu que outros fizessem o trabalho sujo na esperança de isso o conduzir ao poder, o país deixou de discutir os seus problemas e em vez de ouvir as propostas feitas pela oposição passou a dar importância a personalidades como o senhor Palma.

Pedro Passos Coelho confronta-se agora com duas alternativas, ou não resiste à tentação do poder a qualquer custo e continua, como Manuela Ferreira Leite, a desempenhar o papel de limpa-fundos do aquário político nacional, alimentando-se do lixo dos procuradores, ou convence o país de que as suas propostas para o país são melhores do que as do José Sócrates.

Como se pode ver pela edição de hoje do jornal Público não faltam os que querem ajudar Passos Coelho a chegar ao poder pela porta das traseiras, os que tentaram impingir-nos Manuela Ferreira Leite estendendo-lhe uma passadeira com recortes do Sol e do Público ou com peças de processos judiciais, vão agora acenar a via do golpe baixo a Pedro Passos Coelho.

Só que a alternância democrática faz-se com debate de ideias e não com o jogo sujo promovido por directores de jornais sem grandes princípios, magistrados convencidos de que são justiceiros ou assessores presidenciais sem escrúpulos. Manuela Ferreira Leite optou por este caminho e perdeu.

Se Passos Coelho optar por tentar chegar ao poder promovendo o pantanal em que alguns pretendem meter o país vai perder como perdeu a sua antecessora. O país precisa de um debate sério, a democracia vive de debates transparentes e não da leitura de escutas judiciais, o futuro primeiro-ministro, seja ele quem for, deve ser escolhido pelos portugueses e não ser uma marioneta de magistrados e directores de jornais.

(In Blog " O Jumento" - Imagem: Net )

domingo, 4 de abril de 2010

A casa do Pai não é nossa. É Dele !



Em Cordoba cristãos impediram muçulmanos de rezar dentro da Catedral. Pobres coitados! Os ditos Cristãos, claro. Dois mil anos depois, continuam sem perceber a sua própria Religião.
(a) Rodrigo Moita de Deus em 31 da Armada .- A.F.P.

"" Dois jovens muçulmanos austríacos detidos na noite de quarta-feira quando pretendiam orar na Grande Mesquita de Córdoba (sul da Espanha), transformada em Catedral, agiram desta maneira em consequência da beleza do lugar, afirmou o movimento Juventude Muçulmana da Áustria (JMA).

Os dois jovens foram detidos quando seis integrantes de um grupo de 118 muçulmanos ajoelharam para orar de acordo com o ritual muçulmano, o que é proibido no local, transformado em Catedral no século XIII, e que figura na lista de patrimônio mundial da Unesco.

"O grupo estava dominado pela beleza e a atmosfera espiritual do lugar, a tal ponto que um pequeno grupo decidiu orar de forma espontânea, sem ter a menor ideia das consequências que isto poderia acarretar", afirma um comunicado da JMA.

O JMA manifestou esperança na libertação dos turistas.

O bispo de Córdoba, Demetrio Fernández González, acusou os turistas de terem "provocado e organizado" o incidente.

Mas o bispo acrescentou que foi "um incidente isolado que não representa a verdadeira identidade dos muçulmanos".

sábado, 3 de abril de 2010

DIA DO JUDEU



Na minha infância o sábado da Semana Santa era o dia de Judas ou, mais genericamente, o dia do Judeu, a tradição popular deste dia consistia em fazer bonecos, os judeus, que eram depois queimados. Esta tradição não era exclusiva da mina terra, aqui e acolá vão sendo feitas reconstituições desta prática.

Foram necessários vinte séculos para que a Igreja Católica considerasse que o povo judeu não foi o culpado da morte de Cristo e pusesse fim à perseguição aos judeus que promoveu durante séculos e que conduziu a chacinas sucessivas.

A Igreja Católica tem um longo historial de não aceitação das suas responsabilidades e ainda maior quanto a aceitar as consequências dos crimes praticados pelos seus responsáveis, Galileu também teve de esperar até ao século XX para a Igreja lhe reconhecer uma razão que há muito a ciência já lhe tinha dado. Entre reconhecer e pedir perdão às suas vítimas ou colocar os seus interesses acima das vítimas a Igreja Católica nunca hesita, opta sempre pela segunda solução.

Só que já estamos em pleno século XXI e não é possível manter o encobrimento dos crimes praticados por alguns dos seus padres da mesma forma que se manteve a condenação de Galileu. A crise em que a Igreja Católica se está a envolver não se deve a um fenómeno novo, nada do que sucedeu nos últimos meses foi novidade, o que mudou foi o mundo e uma boa parte da Igreja Católica, incluindo o papa, ainda não o percebeu.

Os direitos dos cidadãos estão acima dos interesses da Igreja, os seus padres não estão acima da lei para defesa do bom nome da Igreja, foi isto que o papa e um bom número de bispos não perceberam a tempo. Não perceberam que não podiam exigir que a lei contemple a prisão das mulheres que abortam ao mesmo tempo que os seus crimes se resolviam com meia dúzia de ave-marias e uma oportuna mudança de paróquia.

O problema da Igreja não é saber como fazer esquecer o assunto mas sim como aceitar e assumir as culpas. D. José Policarpo, cardeal patriarca de Lisboa, soube fazê-lo ainda que saiba que as vítimas do padre Frederico foram esquecidas e ainda não receberam a indemnização a que o padre Frederico foi condenado. Mas D. José Policarpo foi a única voz inteligente que ouvi, todos os outros parecem estar mais preocupados em tentar abafar e desvalorizar as culpas do que em assumi-las, estão mais preocupados em proteger-se do que em proteger as vítimas.

Uma boa parte da hierarquia da Igreja Católica parece não perceber que os judeus, Galileu ou as vítimas dos cruzados são coisa do passado, quem em pleno século XXI ou a Igreja Católica assume responsabilidades e reconhece os direitos das vítimas ou será ela própria vítima dos seus próprios pecados.

( In Blog " O Jumento" - Imagem: Net"

sexta-feira, 2 de abril de 2010

REPUBLICA pela pena de Saramago



Vai para cem anos, em 5 de Outubro de 1910, uma revolução em Portugal derrubou a velha e caduca monarquia para proclamar uma república que, entre acertos e erros, entre promessas e malogros, passando pelos sofrimentos e humilhações de quase cinquenta anos de ditadura fascista, sobreviveu até aos nossos dias. Durante os enfrentamentos, os mortos, militares e civis, foram 76, e os feridos 364. Nessa revolução de um pequeno país situado no extremo ocidental da Europa, sobre a qual já a poeira de um século assentou, sucedeu algo que a minha memória, memória de leituras antigas, guardou e que não resisto a evocar. Ferido de morte, um revolucionário civil agonizava na rua, junto a um prédio do Rossio, a praça principal de Lisboa. Estava só, sabia que não tinha qualquer possibilidade de salvação, nenhuma ambulância se atreveria a ir recolhê-lo, pois o tiroteio cruzado impedia a chegada de socorros. Então esse homem humilde, cujo nome, que eu saiba, a história não registou, com uns dedos que tremiam, quase desfalecido, traçou na parede, conforme pôde, com o seu próprio sangue, com o sangue que lhe corria dos ferimentos, estas palavras: “Viva a república”. Escreveu república e morreu, e foi o mesmo que tivesse escrito: esperança, futuro, paz. Não tinha outro testamento, não deixava riquezas no mundo, apenas uma palavra que para ele, naquele momento, significaria talvez dignidade, isso que não se vende nem se deixa comprar, e que é no ser humano o grau supremo.

(In Diário de Saramago - Imagem: Capa do Livro Postais da República)

quinta-feira, 1 de abril de 2010

A Vitória do MaL A m A d O



«Uma inesperada combinação de timidez, pedanteria, tenacidade e decisão, eis o que subjaz à conquista da presidência do PSD por Pedro Passos Coelho. Contra ele tinha (tem) os grandes tubarões do partido, e verdetes especiais, levemente absurdos, abertamente renitentes. Cavaco detesta-o. A dr.ª Manuela não o suporta: de tal forma que, às escâncaras, escorraçou-o (e a Miguel Relvas) das suas preferências para o Parlamento. Jardim acha-o intolerável e manifesta o seu azedume sem dissimulação. Pacheco Pereira abomina-o. O dr. Rio execra-o. O dr. Sarmento odeia-o. O prof. Marcelo nem sequer sorri, para disfarçar, quando alude ao "companheiro". É um apreciável lote de inimigos, gente poderosa que nada realiza de graça, que procede segundo impulsos amiúde pouco claros - mas cujo comportamento tem tudo a ver com poder e mando.» [DN]

Parecer:

Por Baptista Bastos. (Blog O Jumento - Imagem: Net)