sábado, 17 de abril de 2010

Emídio Rangel escreve a Santana sem M E D O !



Qualquer badameco escreve uma prosa contra o Primeiro-Ministro e fica bem na fotografia.

Li a coluna de opinião que todas as semanas publica num jornal má fama. Resisti a responder-lhe porque, com excepção de alguns equívocos e interpretações erróneas, é um desabafo que não ofende ninguém.

Tudo ponderado, achei que devia aproveitar a ocasião para esclarecer, mais uma vez, esta coisa horrenda que é ser um homem de convicções, sem telhados de vidro, num País de sacanas. E faço-o a pretexto da sua página porque se há alguém que me conhece bem como homem e jornalista é de certeza o Pedro. Vamos às questões de fundo. Em primeiro lugar, eu nunca na vida misturei notícia e opinião, nem servi duas causas incompatíveis – fazer jornalismo e política ou relações públicas.

Como qualquer pessoa, não me liberto dos meus subjectivismos pessoais, mas ao longo de uma vida inteira sempre soube de forma isenta, independente, séria e profissional, dirigir com equidade os órgãos de comunicação social de que fui director. A TSF, a SIC nos seus primeiros dez anos e muitos outros meios falam por mim e pelo meu trabalho. Dezenas de Jornalistas que formei e dirigi ou com quem fiz equipa demonstram-no sem ambiguidades. Hoje, estou afastado da vida jornalística activa (fui saneado mais uma vez pelo PSD) e exprimo a minha opinião e os meus pontos de vista quando me convidam para o efeito. Aí sou um cidadão com direito a opinião, num País livre. Sou só uma pessoa que tem respeito e consideração por José Sócrates. Quase não tenho contacto com ele. Nunca troquei nada com ele. Ele nunca me concedeu benefícios. Nunca lhe pedi nada. Nem ele a mim. Nem para o defender lhe pedi autorização. Eu defendo-o porque lhe reconheço mérito e uma enorme capacidade de servir o País e de fazer sacrifícios para o tornar melhor.

Mas também o defendo porque nunca vi um Primeiro-Ministro ser tão violentamente atacado por medíocres, cobardes, vermes, comprados para a tarefa de o aniquilar nos jornais. Nenhum Primeiro-Ministro no mundo, alguma vez, se sujeitou a tantos vexames, sem nunca mudar de caminho, sem nunca retaliar, sem nunca usar o seu poder para calar, acima de tudo, sem ceder à tentação de mandar tudo às urtigas e ir de férias.

Sei que escolhi o caminho mais difícil porque, nos dias que correm, não custa nada atacar e dizer mal de tudo. Qualquer badameco escreve uma prosa contra o Primeiro-Ministro e fica bem na fotografia. Por estranho que lhe pareça, meu caro Pedro, eu sou assim.


( Emídio Rangel, jornalista in "Correio da Manhã ")

5 comentários:

  1. Sem papas na língua. Num tempo em que dizer mal é o que está certo Rangel dá uma liçãozinha aos mediocres que se movem em jornais e noutras coisas mais. Parabéns Rangel.Santos

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  2. Emídio Rangel põe o dedo na ferida sem medo de qualquer infecção provocada pelos energúmenes que envenenam o público em geral nos seus jornais. Ainda bem que há jornalistas deste calibre. Nini

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  3. Boa tarde,

    Gostei muito da publicação deste post.

    Outra coisa não esperava de Emídio Rangel; todavia, sabe sempre bem ver que ainda há jornalistas e homens íntegros em Portugal.

    A vida não tem sido fácil a Emídio Rangel, mas a sua lucidez em nada tem sido afectada com os seus problemas pessoais.

    Bem-haja Rangel, e parabéns às vozes pela divulgação de mais um texto sério.

    Obrigado
    César

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  4. Rangel demonstra que é um jornalista com tomatos. E no sítio. Dá as suas opiniões e bem
    certeiras. E ainda por cima no Correio da Manhã.
    Jornal p'ro governamental kkkkkkkkkk. Miguel

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  5. Emídio Rangel conheci-o em Sá da Bandeira - Angola. Era um senhor da Rádio naquele tempo. Nem ele mesmo pensava na altura que havia de vir fazer em Portugal o belo serviço que foi colocar no ar a TSF e a SIC. Grande jornalista.
    António

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