terça-feira, 2 de março de 2010

A diferença entre ser espectador e actor



Francisco Seixas da Costa, pessoa viajada e culta, não se conforma com as exurradas informativas das nossas televisões. E contrapõe com um exemplo dos últimos dias, em França:

Este meu comentário vem a propósito do profissionalismo com que ontem vi tratada, ao longo do dia, na televisão francesa, a imensa tragédia provocada pela tempestade, que aqui causou largas dezenas de vítimas. Cada telejornal dos principais canais da televisão francesa, públicos e privados, não alterou o seu formato de meia-hora, tendo, no entanto, tratado o assunto com profundidade, em peças curtas, com notas humanas, diretos breves e concisos, opiniões de especialistas e - muito importante! - com escassíssimas e muito curtas declarações de entidades oficiais. Tudo isto sem deixar de referir outros temas da actualidade francesa e mundial. E, repito, apenas em 30 minutos.

No fundo, a diferença fundamental entre a nossa televisão e as televisões dos países "normais" é que, por cá, os media não resistem à tentação de serem actores, de serem eles próprios notícia - patética, a disputa de há dias, quando duas televisões reclamavam terem sido as primeiras a entrar nos parqueamentos subterrâneos do Funchal -, quando deveriam limitar-se a manter o saudável distanciamento do espectador.
Esta overdose televisiva é uma das principais culpadas pela esquizofrenia actual da vida pública portuguesa, na medida em que não deixa qualquer espaço de respiração - os acontecimentos têm que acontecer, mesmo que não haja nada a acontecer.

Por João Magalhães no Blog " Câmara Corporativa" - Imagem: Net )

3 comentários:

  1. Em tempos quando via um ou outro noticiário da TVI ficava abismado por constactar que chegavam quase a hora e meia. Depois cheguei à conclusão que estava a ser conduzido pelo caminho da estupidez uma coisa que o José Alberto Moniz aprendeu a fazer aos espectadores da TVI durante anos. Curei-me . Hoje vejo o da TV2 e pouco mais. Fernando - Almancil

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  2. Há estações que com novelas de horas e horas e noticiários de horas e horas prestam um serviço à Nação igual a zero. Que grandes estações.

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  3. «O escabroso espectáculo no Parlamento, fornecido por Mário Crespo, José Manuel Fernandes e Felícia Cabrita, tidos como apreciáveis jornalistas (enfim: a estimativa não é generalizada, bem pelo contrário) desacreditou, ainda mais, o já azarento ambiente em que vive a Imprensa. Todos eles atingiram o grau mais elevado do grotesco, ao mesmo tempo que demonstraram quão frágeis e esburacados foram os seus argumentos. Afinal, existe mesmo liberdade de expressão e de informação, e esta sofre as mesmas ameaças e perigos existentes nas sociedades modernas. A vitimização pode ser sedutora, mas resulta sempre numa transparência que os factos tornam obrigatória.
    A presença dos três sujeitos chegou a ser aflitiva por declaradamente arrogante, e apenas revelou o verdete que alimentam por José Sócrates. É pouco. É nada. O ódio não se confessa, mas nota-se, e marca o desejo inconsciente de destruir do outro. Haja Freud!»

    [Diário de Notícias]
    Por Baptista Bastos.

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