domingo, 14 de novembro de 2010
O miudo que pregava pregos numa tábua
"O miúdo que pedalava num carro de quatro rodas poderia dizer, como eu próprio já disse: Isto é o que sei de literatura.
Mas ainda falta acrescentar que o miúdo que tocava piano sobre a mesa viu Miguel Torga no hospital segurando o caderno e a caneta como quem, no campo de batalha, ferido de morte, não larga as armas. Eram já poucas as forças, mas a mão mantinha-se firme na caneta e no caderno. Não queria ser apanhado desprevenido (ou desarmado) se uma vez mais lhe aparecesse aquele primeiro verso, que sempre nos é dado, como costumava dizer. Estava preparado, porque nunca se sabe, como se diz na Bíblia, quando vem o sopro e de que lado sopra. A terra respira de muitas formas. Pela boca do vulcão Santiago, pela flauta de Camilo Pessanha, pela grafia do poeta que escrevia pela noite dentro, pelas primeiras e pelas últimas palavras de Sophia e, sobretudo, pela sua entoação de um ritmo já só ritmo. E pelo pulso de Miguel Torga, por aquela mão antiga a segurar o caderno e a empunhar a caneta até ao fim."
(In Blog " Cão como tu" )
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Jà li e reli o Miudo que pregava pregos. Manuel Alegre é um grande intelectual da nossa Praça. Com um passado de democrata desde os 15 anos. Comparar este homem com o que nunca responde a nada, nunca é tempo de falar em nada, do que se deixa levar pelo seu ex partido, vai uma distância como o tamanho do raio da Terra. Bela
ResponderEliminarO Presidente Cavaco pode não ter a veia artistica de Manuel Alegre, pode não ter os anos que o Alegre tem de politica pois já começou tarde mas tem um feeling especial que o faz diferente de todos os outros e mesmo dos que já fizeram os mandatos.O casal Presidencial é um exemplo da familia portuguesa como deveriam ser todos. Misse
ResponderEliminarA maior parte dos meninos da geração de MA receberiam um brinquedo por ano e muitos nem isso.
ResponderEliminarAs tábuas e os pregos eram afinal os utensilios para brincar. Não li ainda o livro mas vou comprá-lo já que o tema me é interessante. O candidato Cavaco para não ficar atrás deve vir com aquela história de andar à alfarroba. Muller