sexta-feira, 28 de maio de 2010

Indecisões




Se não houver mais uma convulsão no PSD (sempre possível, claro) Cavaco irá pois à liça respaldado por dois líderes que não aprecia e nada o apreciam, numa convergência de puro oportunismo - que os eventos poderão provar, sobretudo para Coelho, mais ou menos inoportuno. Oportunismo, igualmente, explica a adesão do BE a Alegre - visto pela liderança do Bloco como a melhor arma possível contra o PS. Nesta dança de cadeiras restam o PS, o PCP e Alegre. O PCP resolverá o problema da maneira do costume: um camarada qualquer avança e pronto. Quanto a Alegre, que desde 2006 prepara a sua candidatura, conseguiu, prodigiosamente, fazer tudo mal. O seu recente e soturno silêncio a propósito de tudo o que se passa - nem piou face à declaração de Cavaco sobre o casamento das pessoas do mesmo sexo ou sobre as recentes medidas do Governo, por exemplo - talvez signifique que no meio de toda a megalomania histriónico- -poética que o caracteriza está a realizar isso mesmo.



E há o PS, claro: adiou, desconsiderou e negou o problema, chegando a esta extraordinária situação. Que não é, afinal, senão uma fórmula mais transparente da que ocorre em todos os partidos: ninguém tem candidato próprio, no sentido de alguém que materialize o seu ideário e represente as suas propostas (a existir) para o País. E ninguém, na verdade, quer Cavaco. A não ser que ocorra um milagre, as próximas presidenciais simbolizarão então isso: um deserto de cidadania e partidos sem coragem.

( In Diário Notícias - Imagem: caricatura de :Gaspar )


(publicado hoje no dn)

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