
Parcela de graffiti pintado no muro da Escola Secundária de D. João V
. Damaia - Amadora.
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(...) «Se uma gaivota viesse trazer-me o céu de Lisboa no desenho que fizesse, nesse céu onde o olhar é uma asa que não voa, esmorece e cai no mar » (...)
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Não parece, assim em jeito de prosa, mas é o arranque do lindo poema de Alexandre O'Neill (1924-1986) intitulado " Gaivota " que, de forma livre, como o poeta o foi, retirámos um extracto para emoldurar este graffiti que espanta pela beleza e leveza do seu traço artístico!
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Evoquemos um pouco mais O'Neill, lembrando o Homem que disse que era necessário 'desimportantizar as coisas'!... mas já perto do tempo do seu passamento, admitia porém, que fez do seu corpo alavanca, sem pensar no futuro...!
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Trazendo a nossa gaivota tanto mar atrás de si, lembremo-mos também de uma frase tão repetida por todos,... mas que afinal poucos saberão que foi Alexandre O'Neill o seu criador: «Há mar e mar, há ir e voltar...!»,... lembravam-se ...? Ainda bem que se lembravam ...!
E ainda sobre o poeta, apresentemos a nossa solidariedade ao emprestarmos o nosso entendimento quanto ao estado de alma a que tinha chegado nos seus últimos tempos; o grande comunicador que foi, o grande operário da poesia e fabricante de temas que encheram tantas e tantas conversas de tertúlia,... chegou ao ponto da necessidade de ir ao barbeiro da esquina, só para ter alguém com quem conversar! (...)
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Fica aqui um protesto pela hipocrisia dos muitos que pontualmente o lembram por necessidade de se afirmarem intelectuais,
mas que abandonaram à sorte do silêncio
que o Poeta odiava (...)
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Apresentamos de seguida um pequeno esboço poético, ao qual nem daremos título porque quando se evocam forças da natureza, os humildes gesticulam, e respeitam a grandeza dos que de facto foram os grandes artífices da escrita, como O' Neill..., um grande Senhor tanto das Letras... como da Luta pela Liberdade (...)
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Ó meus sonhos fiéis, gaivotas retardadas,
Sacudi ao luar vossas asas molhadas
De pura fantasia; é tempo de voltar
Ao vosso ninho doce entre as fragas de Azul.
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Vós sois no meu viver, uniforme e vulgar,
Como flor que nascesse à beira do paul;
Sois a força, o sustento, o pão da alma ferida
No rude batalhar a que chamamos vida.
Eu vou deixar a praia, as ondas rumorosas;
Dos astros pelo céu as falas silenciosas ...
Aves brancas do sonho, ó bando transviado,
É tarde; recolhei ao vosso ninho amado!
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.Abençoadas sejam as gaivotas que tal como as pombas brancas, também elas são mensageiras de novidades... como uma das mais simplórias que o povo tantas vezes repete: ' gaivotas em terra,... é sinal de tempestade...' !
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Hoje é dia de Eleições Autárquicas em Portugal!
Hoje o Povo vai de novo exercer o seu direito e dever cívico de escolher aqueles que pensa melhor o representarem nos mais diversos pelouros.
.A todos saudamos ... e, dedicamos a publicação deste post!
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Viva o Povo Português!
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Viva o nosso Portugal!
( Publicada por César Ramos - Alfobre)