domingo, 6 de dezembro de 2009

ORGIA PARLAMENTAR



A semana foi marcada pela palavra suicídio usada por Pinto Balsemão para caracterizar a situação do PSD, Manuela Ferreira Leite continua a conduzir o partido com raiva por ter perdido as eleições e, agora, com raiva acrescida pelo facto do caso Face Oculta se ter revelado um fiasco de consequências imprevisíveis. Os mesmos que se animaram com a hipótese de fazerem a Sócrates o que os eleitores não fizeram nas eleições legislativas acabaram por se desorientar com os efeitos perversos da sua estratégia, é cada vez mais evidente a mãozinha partidária nos contornos deste processo, o Ministério Público perdeu a escassa credibilidade que eventualmente ainda tinha, a justiça portuguesa acabou por dar um espectáculo tão triste e pobre que mais tarde ou mais cedo conduzirá à mudança do modelo de um Ministério Público que deixou de ser uma instituição credível e confiável para a democracia.

Quem também parece ter dado início ao seu próprio funeral foi Manuel Alegre que, ao mesmo tempo que diz que não é refém de ninguém, tenta tornar o PS e os militantes socialistas reféns da sua ambição pessoal. Depois de ter andado anos a liderar a oposição e a fazer tudo para transferir o maior número de votos possíveis do PS para o Bloco de Esquerda, Manuel Alegre reaparece começando por passar a mão pelo pêlo a Sócrates criticando a justiça no caso Face Oculta, ele que no caso Freeport manteve-se em silêncio. Feita a cerimónia da lavagem das mãos na água benta deu-se início à peregrinação dos jantares onde os PRDs alegristas se manifestam empenados na cidadania e exigem a Alegre que se candidate, uma farsa mal montada para lançar Alegre ante de o PS escolher candidato.

Só que muitos dos que votaram em Alegre se sentiram traídos por um ex-candidato que fez dos seus votos reféns da sua ambição pessoal, no PS perdeu credibilidade ao ter seguido uma estratégia de chantagem permanente sobre o governo, no PCP perdeu irremediavelmente qualquer hipótese de vir a ser apoiado por este partido depois de ter feito o jogo de Francisco Louçã. Manuel Alegre é um cadáver político que insiste em fugir da cova que ele próprio cavou. Poderá vir a ser candidato presidencial, até poderá servir de alento à reeleição de Cavaco Silva mas nunca será Presidente da República. Falta a Alegre a lucidez que teve Otelo Saraiva de Carvalho que não voltou a candidatar-se depois de derrotado.

A oposição prossegue a sua estratégia suicida, alheios aos problemas do país e dos portugueses os líderes da oposição e os seus deputados decidiram iniciar um PREC na versão parlamentar, transformando o parlamento num imenso bacanal onde é possível encontrar Ferreira Leite, Louçã, Jerónimo de Sousa e Portas embrulhados na mesma cama. O pior é quando ninguém souber de quem é o filho nascido no fim desta orgia.

( In O Jumento - Imagem: Estátuas - Net )

5 comentários:

  1. Acho que daquela orgia a que estamos assistindo pela tv perdemos todos. Eles próprios e o País. É uma pena que meia dúzia de galfarros sedentos de poder ponham à frente como interesse nacional a bisbilhotice e o nojo. Marco

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  2. Excelente texto esse. Para quê complicar ? Eles lá sabem porquê . Portugal não é inviável como aquela carpideira que vai à tvi fazer o coro das velhas. Portugal é o que nós quisermos que ele seja.Mas não olhando uns para os outros como se fosse só nos outros que estão as culpas ou a salvação. Mina

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  3. Manuel Alegre um poeta excelente. Um home de letras não tinha necessidade de andar nesta teatro politico de mau gosto. Vale

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  4. Pelos gritinhos do Paulo Portas ficámos a saber tudo. O que eu vi também vocês viram. Podia ser ainda pior. Com esta oposição é bem possível que cheguemnos aos esgotos. Mas Deus nos salve. Amora

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  5. Orgia é mesmo o nome que se pode dar àquele grupo de gente mal formada e pouco democrática que tentam a todo o custo deitar a abaixo o poder eleito pelo Povo. Eu sei que há páises onde não há eleições e que são paraísos para certos democratas que se sentam na Assembleia da República. Mica

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