
Conseguem ver a dor expressa na cara de Fernando Nobre?
Talvez porque Pedro Passos Coelho, neste abraço, ostentava um punhal.
Sim, um punhal. Um punhal em forma de voto e um voto em forma de serviço fúnebre político.
O que se passou hoje no parlamento foi uma atitude de cobardia da parte do líder do PSD e futuro Primeiro-Ministro.
Pedro Passos Coelho, como líder do partido da coligação que obteve mais votos ou simplesmente porque é o futuro Primeiro-Ministro, tinha o poder de requisitar o sentido de voto aos deputados do CDS através de Paulo Portas, por exemplo, aquando da negociação com o CDS no acordo para o Governo.
Mas tal não aconteceu. Aproveitando-se da ingenuidade de Fernando Nobre, Pedro Passos Coelho fê-lo passar pela humilhação de ser recusado duas vezes, quando à partida já sabia que esse seria o desfecho final.
Dias antes o CDS afirmou que não ia votar a favor.
Dias antes o PS afirmou que não ia votar a favor.
O PCP e o BE igual.
A somar ao facto que o voto é secreto, condiciona ainda mais, um controlo da própria bancada que nem sequer era unânime na sua eleição.
Então estranha-se... porque é que o apresentou? Depois de todas as certezas que era quase impossível ser eleito, qual o objectivo de continuar a enxovalhar uma pessoa?
Mas depois, o que se entranha... é a cobardia de Pedro Passos Coelho. É a falta de coragem em tomar a decisão difícil de o afastar, de sugerir um nome consensual e que poupava ao homem o vexame, a vergonha de ser recusado duas vezes, acontecimento único na história do Parlamento.
Mas isso pouco interessa. O que interessa é que o corpo já estava em câmara ardente há alguns dias e alguém tinha de o enterrar, politicamente. Era quase uma jogada brilhante, não tivesse a Direita a maioria no parlamento...
Publicado por Miguel Abrantes Email recebido do leitor Hugo C.