O Padre mexicano Marcial Maciel, na foto, falecido o ano passado, esteve quase, com João Paulo II e no princípio do papado de Bento XVI, a ser canonizado como Santo. Tinha em seu crédito uma obra espantosa de ramificação orgânica do catolicismo que iniciara em 1941, a dos “Legionários de Cristo” (também conhecida como “Os Milionários de Cristo”), e que, actualmente, agrega 70.000 pessoas em 18 países, particularmente presente em Espanha (onde a organização se instalou nos anos 50 do século XX mercê da protecção do ministro de Franco, Alberto Martín Artajo), incluindo 800 sacerdotes e 2.500 seminaristas, ocupada a manter Seminários, universidades, colégios, centros de acolhimento e uma agência de notícias. Se tivesse sido promovido a Santo, Marcial Maciel seria um, entre outros prováveis que a isso chegaram, dos santos protectores dos devassos e abusadores sexuais. Não o foi, em cima já da contagem na rampa de lançamento dos santos aos céus, porque um grupo de antigos seminaristas dos “Legionários de Cristo” se uniram na queixa contra Maciel pelos abusos sexuais a que tinham sido sujeitos quando crianças às mãos da depravação do sacerdote mexicano e tarado sexual, abusos que eram precedidos de injecções de morfina para que as vítimas perdessem a capacidade de reacção.
Falecido o santo frustrado e seu fundador, resta ao Vaticano decidir o que fazer à poderosa organização “Legionários de Cristo” e à enorme esfera de rede de negócios e influências montada. Uma auditoria está em marcha para avaliar e reparar os estragos. Com o fundador enterrado, sob o eco da denúncia dos abusados, o património católico decerto não vai alijar a obra feita e bem plantada no terreno.
O TEXTO HOJE APRESENTADO É DE AUTORIA DE JOÃO TUNES DO BLOG " ÁGUA LISA"
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