quarta-feira, 6 de julho de 2011

Maria José Nogueira Pinto



Maria José Nogeira Pinto era uma adversária política que dava gosto ter. Lutava por aquilo em que acreditava com todas as armas legítimas. Queria fazer as coisas acontecer, sabia discutir, provocar se queria, era uma polemista muito mais enérgica do que parecia à primeira vista.
Que me lembre apenas estivemos do mesmo lado nas causas que unem os democratas-cristão aos socialistas democráticos, em particular em alguns temas da solidariedade e um em especial, o lançamento do rendimento mímo garantido. A história apurará que foi ela que dobrou Paulo Portas para que não votasse contra a medida, ameaçando votar a favor se não conseguisse pelo menos a abstenção do CDS.
Não a conheci para além da vida pública e em particular nos breves meses em que participei nos frente-a-frente da SIC Notícias. Mas naqueles poucos minutos que antecedem a entrada em estúdio e nos que se seguem à saída do ar, sente-se a personalidade daqueles com quem se está a falar. Maria José Nogueira Pinto era uma conservadora radical, forte, íntegra e leal.
A vida cívica, não é uma cedência ao lugar comum, perdeu uma protagonista. Provavelmente uma pessoa que a direita não soube aproveitar tanto quanto devia, fazendo o país perder algo do que este espírito independente podia ter-lhe dado. Nalgumas causas, teria feito estragos à minha visão do mundo, mas são os adversários de mérito que melhor estimulam as boas energias das alternativas que defendemos.

(Paulo Pedroso in " Banco Corrido" - Imagem: Expresso )

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