segunda-feira, 7 de março de 2011

A luta continua de gel e megafone



A arma do povo é o televoto. Para o maior dos portugueses, elegeu Salazar; para os maiores do cançonetismo, os Homens da Luta. É um conservador este povo de valor acrescentado: se não são botas são boinas, é para aí que lhes foge o chinelo do voto. Mas foge-lhes só a eles? O povo votante deste Festival da Canção esteve ao nível das escolhas de tantos júris anteriores: o gel do Jel vale o mesmo que gelatinosas canções outrora vencedoras, o espanto fingido na cara pitosga do Falâncio é igual ao fingimento geral de outras divas que "nos" representaram. E, no entanto, este 47.º Festival foi especial. O duo disparatado que o ganhou vai dar o seu próximo recital na manifestação do dia 12 - aquela contra todos os partidos e todos os políticos, mas que já teve apoio expresso de alguns partidos e alguns políticos. Jel e Falâncio vão com aquele enxoval que os cunhou (como a carapinha loura ao Abel Xavier): a boina e as calças à boca de sino, o "pá" e o "camarada", mais a procissão que agora os acompanha, a ceifeira, o operário da Lisnave, o furriel de camuflado... Os saudosos do Verão Quente de 75 deveriam aborrecer-se, porque gozados pelo duo idiota, mas, ao que parece, estão encantados. Estes Homens da Luta são instrumento de uma tenebrosa vontade conspirativa? Antes fosse. Estes Homens da Luta são só a expressão vazia (mas vasta) de quem pensa, mesmo, que isto vai lá de megafone.

(Ferreira Fernandes -D.N. Opinião - Imagem: Net )

3 comentários:

  1. Naturalmente que é uma das piores canções que levamos ao Festival. Não se chega bem a perceber do que se trata aquilo. Se é um gozo a alguma coisa o que passa é que parece amesquinhas os grupos do tempo do Vasco Gonçalves e que apareciam por todo o lado como se estivessemos na URSS. Será isso ? Mas mais uma vez o Povo votou ou alguém comprou telefonemas por atacado, como naquela coisa do Salazar em que os fachos e os nazis se juntaram todos em grande. Boinas

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  2. Os gajos cantam, tocam mal e ainda por cima plagiaram uma qualquer cançãozeca daqueles tempos em que haviam coisas péssimas ao lado de outras muito boas. Telmo

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  3. É a esquerda folclórica que nos tocou neste cu do mundo, com tão pouco respeito próprio, ou já em delírio de privação, que até dá vivas a quem goza com ela e enche o bolso no avacalhanço. E depois o capitalismo é que está a dar as últimas, berram trôpegos uns para os outros à volta da fogueira.
    Nilton

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