quarta-feira, 14 de março de 2012
Somos todos cúmplices
Que não se duvide do que diz: Cavaco actua com muita ponderação. Ao ter feito da tomada de posse uma manobra de boicote ao poder eleito, sabendo das circunstâncias de crescente degradação dos mercados da dívida e da preparação de um acordo com Merkel, qualquer resposta do Governo seria ganho. Se pedisse a demissão, o PS seria responsabilizado pela abertura da crise política. Se continuasse em funções, seria derrubado por não ter conseguido evitar mais medidas de austeridade. Por essa razão se ouviu a 9 de Março, do púlpito na Assembleia da República, que havia limites para os sacrifícios que se podiam pedir ao comum dos portugueses. Essa foi a senha equivalente ao Grândola, Vila Morena para os deputados do PSD e CDS que largavam urros de felicidade. Cavaco anunciava que o Governo ia cair, posto que estava obrigado pela Europa a continuar a austeridade. A campanha eleitoral, então, só teria de ser feita prometendo o fim dessa mesma austeridade. Era, e foi, limpinho.
A colossal desonestidade do Aníbal não começou no primeiro dia do seu segundo mandato. Na verdade, ele até tem uma excelente desculpa para nos tratar como trastes. É que este é o país que permite uma “Inventona das Escutas” e não há sequer um jornalista que o confronte com essa infâmia, que lhe peça uma explicação ou um juízo moral.
Somos todos cúmplices, Cavaco é o triunfal símbolo da nossa cobardia.
(In Blog Aspirina B - Foto de Beatrice Matet )
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Mais um grande blog a seguir. Aspirina B. Está de parabéns o autor do texto que acima se lê.
ResponderEliminarVimeiro