quinta-feira, 25 de abril de 2013

25 de ABRIL ameaçado !









Trinta e nove anos. Trinta e nove anos desde a revolução que derrubou o poder fascista que dominou o país durante demasiado tempo. Trinta e nove anos de democracia, de eleições, de liberdade, de progresso social, de maior igualdade, de justiça. Trinta e nove de valores de Abril, ou pelo menos a vontade de aplicar esses valores de Abril da melhor maneira possível.

E durante trinta e nove anos, a direita que derrubámos foi aceite no seio do regime. A direita que promove a desigualdade, o darwinismo social e que existe para manter e proteger os interesses instalados. A direita que luta contra o progresso, a justiça e a possibilidade de quem nasce pobre chegar a ter algum conforto material e felicidade. A direita que prefere ver serviços que devem ser públicos - a saúde, a educação - nas mãos do lucro privado. A direita das corporações, herdeira da direita salazarista que durante cinquenta anos protegeu um reduzido número de grandes empresas que viviam à sombra do Estado. A direita que prefere o respeito pelas instituições ao direito ao protesto, o consenso às eleições, a manutenção de uma paz podre a dar voz ao povo que não ser revê em quem nos governa. A direita que, pela voz de Cavaco Silva - o antigo colaboracionista do Estado Novo que sempre se regeu pelo rancor, pela mesquinhez e pelo ódio à democracia - acaba de proferir na Assembleia da República o mais despudorado discurso anti-democrático que alguma vez se ouviu em democracia.

Sejamos claros: esta direita não é a direita social-democrata, a direita do PSD de Francisco Sá-Carneiro. Mesmo os adversários políticos deste lhe reconheciam sólidos fundamentos democráticos. Esta direita já nada tem a ver com Sá-Carneiro. Esta direita é a direita revanchista, a direita que escarnece e desdenha o 25 de Abril em favor do 25 de Novembro - porque este significou uma oportunidade de regresso ao 24 de Abril. É a direita que reconhece implicitamente nos valores de Abril uma ameaça para o poder a que aspira. É uma direita que não merece usar os cravos na lapela que hipocritamente ostenta nesta data. É a direita que fecha as galerias da casa da democracia ao povo, porque tem medo dele. É uma direita que trai, a cada segundo de permanência no poder, os valores de Abril.

In Blog " ARRASTÃO"

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