quarta-feira, 30 de junho de 2010

O Guarda_Chuva de Bruxelas



Se existisse um Parlamento Europeu que fosse mesmo um Parlamento (eleito com listas europeias e não um somatório de listas nacionais) e se existisse uma espécie de governo europeu que emanasse desse parlamento, teria sido possível arrastar os pés com a crise grega e depois fazer passar este pacote insensato de sufoco orçamental coordenado e recessão?

Não sabemos. Mas sabemos que há uma grande diferença entre parlamentos e governos eleitos, que têm de prestar contas aos eleitores, e clubes de governantes (eleitos e não eleitos) como o actual conselho e comissão. Um governante eleito pode ser responsabilizado, o membro do clube pode sempre atribuir as responsabilidades ao clube no seu conjunto e assobiar para o ar.

É como se o governo português não tivesse querido o PEC1 e muito menos o PEC2 e tivesse sido o clube a mandar… E o mesmo tivesse acontecido com o governo Espanhol, e o Grego, e o Francês e se calhar até o Alemão. Individualmente nenhum queria. É pelo menos o que nos dão a entender e o que nos dizem se interrogados em privado. O pior é quando se reúnem à sombra uns dos outros: aí o que nenhum quer é o que todos escolhem.

A arquitectura actual da UE é um guarda-chuva para inimputáveis.


(Publicada por José M. Castro Caldas em " Ladrões de Bicicletas" - Imagem: www.perigot.fr )

terça-feira, 29 de junho de 2010

Pelo menos que façam de conta......



«Há dias, um ministro de Sarkozy foi obrigado a devolver os 12 mil euros com que fora reembolsado pelo Estado por charutos que fumou nos últimos dez meses. Escândalos destes não matam um Governo mas moem sempre. E em épocas de crise quando a ordem para baixo é cortar (dizem os governos europeus, a União Europeia e, agora, até o G20) o desgoverno dos dinheiros públicos desarma a vontade dos povos. Sarkozy não é exactamente um doutrinário (em época de vacas gordas, embora continuasse a ser um abuso, ele fecharia os olhos aos charutos) mas uma qualidade há que reconhecer-lhe: é um líder a quem não é indiferente a opinião pública. Chamem-lhe demagogo, riam-se da pouca relevância das medidas, mas ontem o que ele disse é político: "Um euro público deve ser um euro útil." É frase soprada por publicitário, mas ela enquadrou um conjunto de medidas práticas: a recepção anual do 14 de Julho anulada este ano (poupança de 750 mil euros), gabinetes ministeriais encurtados, dez mil automóveis estatais suprimidos até 2013, menos viagens e mais baratas... Só um ingénuo ignora que o apetite voltará quando puder. Mas só quem se está nas tintas para a opinião pública não aceita que os de baixo precisam de guardar uma ilusão: que, pelo menos, os de cima fazem de conta. Mas não o fazem todos os políticos? Não, havia um que fumava charutos à pala. » [DN]

Parecer:

Por Ferreira Fernandes. D.N. - BlogO Jumento - Imagem: malmaior.blogspot.co

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Uma Rádio muito católica.......




Olhe Raquel, não sei se sabe, estar vivo é o contrário de estar morto (bom, talvez na Renascença seja diferente)

Raquel Abecasis, que desempenha uma qualquer função de chefia na Rádio Renascença, tem uma forma muito peculiar de fazer opinião.
Por exemplo, hoje de manhã, Raquel debruçava-se sobre os "mundos diferentes" de Sócrates e Cavaco para, de súbito, atirar, aparentemente a despropósito: Bem diz o ditado que “quem com ferros mata com ferros morre”.
Raquel queria apenas cumprir a tarefa diária de "malhar no Sócrates". Faltava-lhe o pretexto. Entende-se - as manhãs de segunda-feira são terríveis...

(Posted by João Magalhães in " Câmara Corporativa - Imagem: www.triplosentido.com)

domingo, 27 de junho de 2010

Falta de Juízo ?



justiça, a política e a comunicação social.
Neste país, ninguém é penalizado pela incompetência profissional. Leio nos jornais que uma cidadã, Manuela Moura Guedes de seu nome, aquela senhora que, notoriamente, tem uma obsessão por José Sócrates, apresentou na «Justiça» uma queixa-crime, por injúrias (ou difamação), contra o primeiro-ministro. Está no seu direito. No entanto, o advogado da senhora desconhece a lei e entregou a dita queixa no DIAP em vez de a entregar na secção criminal do Supremo Tribunal de Justiça; o procurador adjunto do Ministério Público também desconhece a Lei e, em vez de remeter a denúncia para o Tribunal competente, abriu inquérito e encaminhou para o juiz titular do 4º juízo do Tribunal de Instrução Criminal o pedido de constituição de arguido do primeiro-ministro; o Juiz do Tribunal de Instrução Criminal também desconhece a Lei e pediu à Assembleia da República autorização para a constituição de arguido. A comissão de Ética da Assembleia da República já informou o senhor Juiz que não está nas competências do parlamento autorizar o bizarro pedido. Parece que alguém já explicou a todos estes «operadores de justiça» que desconhecem a Lei e que todos os seus actos são nulos. São nulos, mas produzem efeitos. Não na Justiça, mas na comunicação social. E, provavelmente, era essa a intenção da autora da queixa, que esta produzisse os seus efeitos na comunicação social. Já produziu à custa de incompetência várias e risíveis desconhecimentos da Lei por parte de quem tem, por dever profissional, conhece-la. Este é um exemplo paradigmático do modo como a Justiça anda a reboque da comunicação social. Este caso está na linha daquele em que um advogado britânico requereu a um Tribunal que prendesse o Papa quando este chegasse a Londres.
Tomás Vasques
(In Blog " Carlos Alberto" - Imagem Net - Cute)

sábado, 26 de junho de 2010

Cavaco Silva pré-candidato às presidenciais



É cada vez mais evidente o conceito de cooperação estratégica de Cavaco Silva, quando o governo fica bem na fotografia, quando enfrenta dificuldades o presidente da república assume o estatuto de líder da oposição. Não sei se Sócrates se estava a referir directamente a Cavaco Silva quando criticou os arautos do pessimismo, mas a verdade é que se as empresas de rating considerassem apenas as declarações de Cavaco Silva o país já estaria "proibido" de se financiar no mercado de capitais.

Quem é honesto ou fala sempre verdade, como disse Cavaco Silva, não o precisa de afirmar e reafirmar sempre que está em dificuldades. De qualquer das formas mesmo que Cavaco seja muito honesto não conseguiu explicar aos portugueses como é que ganhou 100% num negócio de compra e venda de acções em que os preços foram fixados administrativamente por Oliveira e Costa. Até poderá falar sempre verdade mas as suas declarações acerca das suspeitas de que a Presidência da República estava sob escuta deixaram muitas dúvidas nos portugueses.

Cavaco Silva está cada vez mais em campanha eleitoral não assumida o que até pode ser bom, tendo a percepção de que está a ser visto com maior atenção tenderá a ser mais agressivo como vimos hoje, dando-se a conhecer. Só que pode poupar o país a declarações de honestidade, como a que fez hoje, ou as que fez em relação a Dias Loureiro ou quando (não) explicou os seus negócios no mercado de acções não cotadas.

(In Blog " O Jumento" - Imagem: Robert Peluca )

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Folheando o Diário Económico



«Um dia, mais tarde ou mais cedo, vai saber-se que a crise actual foi decidida num dos muitos centros de poder oculto espalhados pelo mundo. Um dia, alguém tem acesso a documentos de uma reunião de um clube privado tipo Bilderberg, a uma inconfidência por parte de uma fonte género Trilateral, a uma acta redigida e assinada por mãos invisíveis, e lá virá a lume a criação e implantação de uma estratégia da crise para acabar de vez com os direitos conquistados pelos assalariados desde a revolução industrial, para exterminar os direitos humanos de cariz social.»

(João Paulo Guerra)

«A política [de austeridade] alemã é um perigo para Europa e pode destruir o projecto europeu. (,,,) Actualmente, os alemães estão a arrastar os seus vizinhos para a deflação. E isso poderá conduzir ao nacionalismo e à xenofobia. A democracia pode estar em risco.»

(George Soros)

(In Blog: Ladrões de Bicicletas - Imagem: Net )

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Qual a estratégia de Passos Coelho ?



A estratégia de Pedro Passos Coelho começa a ser evidente, não lhe interessa disputar eleições a curto prazo, pelo menos enquanto as expectativas económicas não forem mais simpáticas e as medidas difíceis forem necessárias. Até lá o PSD assume duas faces, assume a postura do partido responsável apoiando as medidas difíceis que prefere que sejam adoptadas pelo governo, ao mesmo tempo pisca o olho aos eleitores sempre que as circunstâncias o proporcionem.

A estratégia tem tanto de inteligente como de demasiado evidente, podendo levar os eleitores a perceberem-no, o que poderá levar muitos a interrogar-se se os pedidos de desculpas de Pedro Passos Coelho serão sinceros ou não passam de um comportamento manhoso. Até porque pelas propostas de revisão constitucional vindas de personalidades próximas de Passos Coelho percebe-se que Passos Coelho não só quer a “casa arrumada” como ainda pretende uma revisão constitucional que lhe abra as portas a um programa liberal.

Passos Coelho quer chegar ao governo com as medidas difíceis adoptadas pelo actual primeiro-ministro, com as contas públicas arrumadas e sem entraves constitucionais para privatizar uma parte significativa da saúde e do ensino, restando saber se as reformas que pretende ficam pelas mais ou menos assumidas ou se regressa aos velhos projectos da direita de reduzir a Função Pública em 150.000 funcionários.

Se conseguir uma maioria absoluta, isoladamente ou em coligação com o CDS, Pedro Passos Coelho teria uma situação financeira que lhe permitiria adoptar medidas eleitoralistas capazes de abafar alguma contestação social, que nem será significativa pois a esquerda conservadora costuma ser dócil com governos de direita, podendo, finalmente, promover a reforma que a direita liberal sempre desejou.

Resta saber se Pedro Passos Coelho vai alimentar tricas políticas para gerir as sondagens ou se terá coragem para dar a conhecer aos portugueses todo o seu programa. Por outras palavras, resta saber se Pedro Passos Coelho terá coragem ou se optará por adoptar uma estratégia manhosa, se apresentar os programa pode perder votos ainda que elimine o CDS, que optar por ser manhoso poderá ser “apanhado” pelos eleitores.

(In Blog" O Jumento" - Imagem: Laurie Lipton 4)

terça-feira, 22 de junho de 2010

Elogios que não se ouvem...........



Lisboa, 22 jun (Lusa) -- O programa Simplex, a abordagem na distribuição de serviços públicos e as iniciativas e.escola e e.escolinha foram destacados pelas Nações Unidas como três iniciativas "inovadoras" de "modernização" dos serviços públicos em Portugal.

De acordo com as Nações Unidas, "o programa Simplex é um exemplo da administração do futuro que para além de promover o acesso à informação e estimular a sua partilha, fomenta a participação dos cidadãos na criação de serviços públicos à sua medida", segundo um comunicado do gabinete do ministro português da Presidência.

Estima-se que até 2011 seja possível aceder a todos os serviços públicos 'online' através destes dois portais.

(In aeiou Expresso - Imagem: Net )

segunda-feira, 21 de junho de 2010

I n t o l e r a n c i a



Intolerância
[Publicado por Vital Moreira] [Permanent Link]
O selvagem ataque do Osservatore Romano a José Saramago, no dia seguinte à sua morte, mostra que o Vaticano continua a ter uma leitura puramente ideológica da literatura, esquecendo que Saramago, independentemente das suas ideias e convicções, é o grande escritor que é pela qualidade da sua escrita, pela mestria da sua linguagem e pela sua criatividade ficcional. E mostra igualmente que o Vaticano continua tão intolerante com os não crentes como sempre foi, como se o humanismo fosse um monopólio religioso. Não podendo já mandá-los para a fogueira da Inquisição, não poupa porém no ódio nem no rancor.
Se o Vaticano julga que desse modo pode apoucar postumamente o escritor, engana-se. Pelo contrário, há ataques que engrandecem.

-Imagem - Net -

domingo, 20 de junho de 2010

Visita de família....



O irrequieto Professor Marcelo, falando sempre do que sabe, apressou-se a desculpar a ausência de Cavaco Silva das cerimónias fúnebres de José Saramago: o que interessa, disse, é a presença espiritual.
Outros elaboraram mesmo teses com alguma densidade política para justificar a omissão - tratava-se, afinal, de retaliação patriótica.
Sabe-se agora - que raio de mania de desmentirem o Professor por tudo e por nada... -, pela voz do próprio, que Cavaco só não esteve presente para não quebrar uma promessa à família (e todos sabemos como as promessas e a família são fundamentais): "Todos os portugueses sabem que desde quinta-feira à noite estou nos Açores, em S. Miguel, cumprindo uma promessa que fiz há muito tempo a toda a minha família, filhos e netos, de lhes mostrar as belezas desta região".
É sempre bom sabermos estas coisas. Nas eleições presidenciais que se aproximam, teremos de questionar os candidatos acercas das promessas que fazem às famílias, envolvam elas os Açores ou mesmo a Capadócia.

(Posted by João Magalhães in Câmara Corporativa - Imagem: Net )

quinta-feira, 17 de junho de 2010

S a r a m a g o



Catorze de Junho
Por Fundação José Saramago

Cerremos esta porta.
Devagar, devagar, as roupas caiam
Como de si mesmos se despiam deuses,
E nós o somos, por tão humanos sermos.
É quanto nos foi dado: nada.
Não digamos palavras, suspiremos apenas
Porque o tempo nos olha.
Alguém terá criado antes de ti o sol,
E a lua, e o cometa, o negro espaço,
As estrelas infinitas.
Se juntos, que faremos? O mundo seja,
Como um barco no mar, ou pão na mesa,
Ou rumoroso leito.
Não se afastou o tempo. Assiste e quer.
É já pergunta o seu olhar agudo
À primeira palavra que dizemos:
Tudo.

(In Poesía completa, Alfaguara, pp. 636-637 - Cadernos de Saramago)

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Pau carunchoso



A direita encostada à Igreja anda em desatino com o casamento. Aliás, a direita evangélica sempre andou em desatino com o casamento. Foi assim com o casamento civil, foi assim com o divórcio e é agora assim com esta nova forma de dar aos cidadãos os mesmos direitos independentemente das suas opções.

A direita encostada à Igreja vive em permanente sobressalto com medo que se saiba que nessa mesma direita encostada à Igreja se faz sexo fora do casamento, se usa preservativo dentro e fora do casamento, se fazem divórcios de casados pela Igreja, se registam casamentos fora da Igreja e, para bem do Diabo, até há gente que vive com gente do mesmo sexo. Tudo às escondidas, claro, no segredo do confessionário.

A direita encostada à Igreja anda em homilias a rogar que se leve para Belém um Santinho.

Deus os oiça!

(In Blog " A Barbearia do Snr. Luís)

Uma grande mistificação



É certo que o deputado João Semedo não chega ao desplante de afirmar, nas suas conclusões, que o Governo tinha um plano secreto para controlar a TVI e alterar a sua linha editorial e que o primeiro-ministro mentiu ao Parlamento no dia 24 de Junho de 2009. Mas não menos certo é que aquele deputado não teve a hombridade de ser honesto, verdadeiro e claro como devia, afirmando, preto no branco, a verdade dos factos: que o Governo não conduziu qualquer plano secreto, nem interveio no processo conducente à compra da TVI pela PT, e que o primeiro-ministro disse a verdade ao Parlamento na sessão plenária de 24 de Junho de 2009.

Podemos, assim, concluir das conclusões de João Semedo que os seus deveres e responsabilidades de deputado e relator se curvaram às conveniências da baixa política. Uma lástima!’

( Posted by Miguel Abrantes in Camara Corporativa - Artigo do Público- imagem:Pintura de Sylvia Karle - Marquet )

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Que vá para a Capadócia



Um presidente de um país dizer que "chegámos a uma situação insustentável" não é só uma frase forte. E, pelo cargo, muito menos se pode considerar impensada ou impulsiva ou juvenil ou irresponsável. Ou é um apelo a um golpe de estado, numa escala que vai do palaciano-constitucional ao do tilintar das espadas, sejam estas pretorianas ou de sovietes ansiosos, ou então expressão da vontade cansada de entregar as chaves desta freguesia ibérica a um questor de Madrid ou Bruxelas. Mas, para sermos menos dramáticos, sem severidade demasiada perante a letra da oratória presidencial, digamos que Cavaco Silva aproveitou este 10 de Junho para confirmar que desistiu, por reconhecimento de incompetência própria, de ser parte da solução do país para passar a ser um dos nervos dos seus problemas. Usando a terminologia que é cara a Cavaco, este passou a integrar os défices da “nossa raça”.

( João Tunes no "Vias de Facto" através do Blog Mala Aviada )

domingo, 13 de junho de 2010

T A N A T O S



- Se a posição do grupo parlamentar do PSD continuar a ser a de convicção pela existência de uma conspiração política para controlo da TVI, tanto Passos Coelho como Cavaco Silva terão de ser confrontados e responderem inequivocamente quanto à validação que fazem da acusação. Caso não se demarquem da suspeição, e a repudiem, o Governo deve apresentar a demissão.

- Se há partidos que vão sair da CPI a dizer que a compra da TVI tinha intenções políticas, terão de pedir a demissão de Zeinal Bava e Henrique Granadeiro. Eis um corolário inevitável.

Marcelo alinha no despautério a que assistimos incrédulos, apenas se preocupa com o calendário mais favorável para ir a votos. Os fins justificam os meios, esta a regra de ouro dos sociais-democratas, ensina o Professor. E é muito útil imaginar o que aconteceria se a CPI dispusesse das escutas para fazer os seus interrogatórios. A visão de um Pacheco a espumar da boca, exigindo a Penedos e Vara que descodifiquem esta frase e aquele nome, humilhando-os com a teatralização de uma superioridade moral implacável, é a imagem mesma da degradação suprema. A política teria desaparecido substituída pela tirania da verdade, a verdade dos acusadores.

E para quê? Para que serviria essa tortura quando, à volta das escutas, responsáveis e factos desmentem a possibilidade de conspiração? Para destruir os adversários, ora, ancestral pulsão de morte. Acima de tudo, para o Pacheco poder ir para a velhice convencido de que foi ele quem derrubou o formidável Sócrates.

(In Blog " Aspirina B" - Imagem: Gravura antiga - Net)

sábado, 12 de junho de 2010

O Cavaco dois em um



Portugal tem dois Cavacos, o Cavaco Presidente da República e o Cavaco candidato a Presidente da República, o problema é que como o primeiro nunca mais diz que também é o segundo nunca sabemos qual deles está a falar. Isso foi evidente no dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, a maioria dos comentadores, incluindo os que o apoiam activamente admitiram que o discurso oficial foi eleitoralista.

Qual dos dois Cavacos disse que a situação da economia era insustentável? O Cavaco candidato que quer provocar a erosão do primeiro-ministro sabendo que este apoiou a candidatura do Manuel Alegre ou o Cavaco Presidente da República que está preocupado com o país. É evidente que um Presidente da República abre portas para o diálogo, pratica a cooperação estratégica tantas vezes prometida, não tenta degradar a imagem do primeiro-ministro. Ao contrário, o candidato que pertence a uma área política diferente da do primeiro-ministro que não o quer ver reeleito aposta na erosão da imagem deste pois não só pretende ser reeleito como sonha com um governo do seu partido.

Qual dos dois Cavacos propõe um compromisso social, o Presidente ou o candidato?

(In Blog " O Jumento" - Imagem: Net )

Portugal bem posicionado em doutoramentos ?



Não há números para todos os países do mundo, apenas para os mais desenvolvidos (OCDE), mas entre estes Portugal fica destacadíssimo em primeiro lugar no que toca à percentagem de jovens que concluiram doutoramento em 2007. Sendo difícil de acreditar que haja países da OCDE com melhor desempenho, parece seguro afirmar que Portugal é o campeão mundial de jovens doutorados.

Segundo dados da OCDE 3,7% dos jovens* em Portugal são doutorados. Em segundo lugar temos a Suiça com 3,3, a média da UE (apenas os 19 que pertencem à OCDE, logo os mais desenvolvidos) está nos 1,9%, e entre os países desenvolvidos é de 1,5. EUA, Itália e Espanha têm 1,5%, 1,3% e 0,9% respectivamente.

As notícias boas não ficam por aqui, Portugal onde há mais mulheres relativamente ao número de homens a acabar o doutoramento. Elas 61,2% do total contra uma média de 44,3%.

( In Blog " Fado Positivo" - Imagem: Net)

sexta-feira, 11 de junho de 2010

O Dr. Cavaco diz que bem avisou....(????)



(Como avisei na altura devida chegámos a uma posição insustentável - Cavaco Silva Junho 2010)

“Tenho que dizer, com seriedade, que [a economia portuguesa] está melhor, na medida em que a taxa de crescimento económico é hoje mais forte do que era quando fui eleito”.

Cavaco Silva, Lusa, 22 Janeiro de 2008

“O abrandamento da economia portuguesa que se tem vindo a verificar não me surpreendeu excessivamente.

Primeiro, porque se tornou claro, desde o segundo semestre de 2007, que se estava perante uma deterioração acentuada do sistema financeiro internacional, a qual, apesar da sua origem localizada, teria consequências inevitáveis sobre a economia global.”

Cavaco Silva, Prefácio do Roteiros III - 2008-2009, Março, 2009

(In Blog Câmara Corporativa" - Imagem : Pintura de René Margritte)

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Nobres prncípios, frases valentes.....




O Daniel Oliveira não gostou de ver Fernando Nobre a defender a sua novíssima candidatura presidencial dizendo, que nem Pacheco Pereira, que "já ninguém acredita nessas coisas da direita e da esquerda". Mas não deve levar muito a sério estas palavras. Afinal o mesmo Fernando Nobre, para justificar o seu apoio ao partido do Daniel, tinha dito há uns meses que "as ideias que defende o Bloco de Esquerda são as ideias que eu tenho defendido".
Podemos achar o que quisermos do Bloco, mas não podemos acreditar que Fernando Nobre pensava então com honestidade que as ideias do Bloco eram as de que a direita e a esquerda são irrelevantes. Os moralistas em política são muitas vezes assim, intransigentes nos princípios e sólidos até ao dia em que as convicções não dão jeito aos novos objectivos.
Fernando Nobre poderia ter aprendido com Jorge Sampaio, que nunca precisou de renegar a sua convicção de homem de esquerda para fazer uma campanha presidencial de grande transversalidade. Mas não aprendeu.

(In Blog " Banco Corrido" - Imagem: Quadro de André Feil )

terça-feira, 8 de junho de 2010

Vantagens de um Governo P S D





O Freeport seria rapidamente resolvido.

Os feitos nacionais e internacionais da Galp, PT e EDP seriam apresentados como prova da excelência do ideário social-democrata e dos seus simpatizantes no topo dessas empresas.

O crescimento económico de Portugal em 2010, o segundo maior da Europa neste momento, seria louvado no Expresso e na SIC.

Crespo perderia utilidade.

Pacheco talvez voltasse a falar de política.

(In Blog " Aspirina B " - Imagem: Filme -Tempos Modernos de Charlot )

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Passe férias onde lhe apetecer.....



O apelo de Cavaco Silva soa bem aos ouvidos dos portugueses e vindo de alguém que não se cansa de dizer que sabe muito de economia (uma característica rara naqueles que sabem mesmo muito) soa a verdade científica. O problema é que nem todos têm uma vivenda de luxo no Algarve, se assim fosse estou certo que muitos portugueses não teriam de concluir que um hotel no Algarve pode ficar muito mais caro do que no sul de Espanha.

Mas se Cavaco apela a que se façam férias cá dentro para evitar o crescimento da dívida externa, também pode fazer muitos outros apelos nesse sentido, que comam tomates portugueses, que comprem roupa fabricada em Portugal em vez de irem à Zara, que bebam bagaço em vez de whisky, que comprem sapatos portugueses, enfim, as oportunidades não faltarão.

Só que não é apenas Portugal que tem problemas, tanto quanto se sabe os ingleses, os irlandeses, os espanhóis, os gregos e os húngaros também estão a passar por algumas dificuldades, não sendo nada de excluir a hipótese de outros países se juntarem à lista que já deixou de ser dos “pigs”. A rainha de Inglaterra ou o rei Juan Carlos podiam fazer o mesmo e apelar aos seus concidadãos para que se fiquem no Reino Unido e em Espanha, a rainha de Inglaterra podia mesmo apelar a que optassem pelo Whisky em vez do Vinho do Porto e o Rei Huan Carlos teria boas razões para dizer aos espanhóis que têm excelentes vinhos.

Se Cavaco Silva sabe tanto de economia como diz também sabe que o seu apelo manhoso é uma negação do comércio internacional e que se todos fizessem o mesmo Portugal seria a primeira vítima pois é dos que mais depende das suas exportações. Vindo de um economista com tiques liberais este apelo é uma aberração, vindo de um político é um gesto pacóvio mais próprio de um presidente de uma junta de freguesia.

Resta-nos esperar que os jornalistas europeus que estão em Portugal não liguem muito ao que Cavaco diz pois se noticiarem nos seus países o que o Presidente da República disse isso só serve para Portugal cair no ridículo. Bem, também serve para a partir de agora podermos acusar de falta de nacionalismo qualquer português que se lembre de passar férias no estrangeiro.

O apelo deste tipo vindo de um Presidente da República não passa de uma forma subtil de proteccionismo, um gesto muito pouco próprio para o mais alto magistrado de um país da União Europeia.

(In Blog " O Jumento" - Imagem: e.viagens.com)

domingo, 6 de junho de 2010

José Manuel Fernandes e a miséria moral



Por exemplo, a de um indivíduo que dá pelo nome de José Manuel Fernandes e que, em crónica na edição de ontem do "Público", jornal de que foi director, se pôs a sentenciar sobre " a miséria moral da esquerda jacobina que temos"?
Não será este indivíduo o mesmo que é responsável, juntamente com o jornalista Luciano Alvarez, pelo caso mais vergonhoso de manipulação jornalística e política de que há memória, o das suspeitas sobre as escutas em Belém e que nem sequer teve a hombridade de contestar as responsabilidades que o assessor da Presidência, Fernando Lima lançou, nas páginas do "Expresso", sobre o jornal de que ao tempo era director?
Não será este individuo, o mesmo que apoiava incondicionalmente o ex-Presidente dos Estados Unidos, George W. Bush e que defendia, à outrance, de par com o JPP, a guerra do Iraque, como o mais fanático dos neocons ?
É, de facto, este o mesmo indivíduo que, para levar a sua água ao seu moinho, nem recua, ao longo da crónica, em citar o caso de Inês de Medeiros, afirmando que a ora deputada se candidatou, apresentando uma morada em Lisboa, quando se sabe que tal afirmação é redondamente falsa, havendo documentação tornada pública que prova exactamente o contrário.
Que moral tem, pois, este indivíduo para dissertar sobre a moral dos outros ?
Nenhuma. E vergonha também não.
(Fica-me ainda uma dúvida que gostava de tirar a limpo. Não terá sido este indivíduo o jornalista que quando estava no Público,escrevia reportagens em Israel com tudo pago pelas autoridades israelitas ?)

(In Blog " Terra dos Espantos" - Imagem: "Pequenas Morais" )

Nem o " fast-food" ???



Depois do McDonald's, é a vez da Pizza Hut encerrar restaurantes na Islândia. É que encomendar uma pizza tornou-se demasiado caro para muitos islandeses, que ainda estão a recuperar do colapso financeiro do final de 2008.

Após 20 anos a operar no território, a Pizza Hut admite fechar dois dos três restaurantes devido à quebra da procura, ao aumento dos custos de importação de matérias-primas e à queda da moeda nacional.

"É óbvio que as famílias têm menos dinheiro para gastar e os restaurantes estão entre as primeiras coisas que as pessoas cortam", disse à Reuters Thordis Loa Þórhallsdóttir, gerente Pizza Hut.

Já em Outubro, quando o gigante do "fast food" McDonald's anunciou a retirada da Islândia, pelas mesmas razões, milhares de islandeses correram para os restaurantes da cadeia comer o último Big Mac. No caso da Pizza Hut, não será tão dramático. A cadeia mantém um estabelecimento aberto perto da capital, Reiquiavique, para os clientes mais fiéis.
(In Jornal " I" - Imagem: Net)

sábado, 5 de junho de 2010

Sarmento, I love you !



[Morais Sarmento discorrendo acerca da entrevista de Manuel Alegre] Portanto, estamos numa esquerda-direita clássico, parece que estamos em Auschwitz outra vez… aaaaaaaaaah… aaaaah… pe-peço desculpa… aah… Temos um esquerda-direita clássico… Não é Auschwitz, como é evidente pelo que queria dizer… Estava a falar das Guerras Napoleónicas e… Portanto, nós temos um esquerda-direita outra vez clássico, que eu acho que não faz nenhum sentido. [...]

( In Blog Aspirina B - Morais Sarmento em entrevista à SIC - foto: Jornal público)

terça-feira, 1 de junho de 2010

O desmontar do dedo esticado




«David Laws, o novo secretário de Estado do Tesouro inglês, encontrou no seu gabinete um bilhete do antecessor. É um costume britânico e, geralmente, por ser pessoal só mais tarde a História grava as palavras (John Major deixou para Blair: "É um bom cargo: saboreia-o!".) O bilhete para Laws dizia: "Não há dinheiro." Era uma piada. Mas Laws, imbuído do espírito dos puros e com dedo em riste, tornou o bilhete público, como quem diz: vejam ao que isto chegou... David Laws acaba de se demitir porque se descobriu que fazia o parlamento pagar a sua renda de casa quando ele vivia na casa do seu amante. Já li, com um sorriso, defensores do actual Governo britânico e críticos do anterior a desvalorizarem o erro de Laws (que a renda era baixa, que a situação não é tão evidente...) E não me admira que ainda venha ouvir um trabalhista, também dos puros e com dedo em riste, dizer que isto chegou aqui por causa de trafulhices como as de Laws... Enfim, tudo dentro dos conformes: o dedo em riste dos indignados e como eles amansam as indignações quando lhes toca a culpa. Sorrio, mas não defendo o relativismo moral. Pelo contrário, defendo que as responsabilidades devem ser sempre apuradas: por exemplo, continuo sem saber quem (nome!) inventou que Chico Buarque queria ver Sócrates. Gosto das coisas sabidas. É meio caminho andado para acabar com o dedo esticado dos puros.» [DN]

( Ferreira Fernandes D.N. - Imagem: Marchand)